quinta, 12 de setembro de 2024
Publicado em 18 mar 2017 - 04:48:19
Alexandre Mansinho
O diabetes é uma doença do metabolismo de glicose, popularmente conhecida como “açúcar no sangue”, essa glicose em excesso provoca inúmeros efeitos colaterais que podem ser cegueira, insuficiência de diversos órgãos e até amputação de membros. A Federação Internacional de Diabetes (IDF, sigla em inglês) atesta que no mundo a doença atinge cerca de 438 milhões de pessoas. Segundo dados do SUS, no Brasil, 7% das pessoas são diabéticas. Em Ourinhos, hoje com cerca de 110 mil habitantes, o número de diabéticos ultrapassa os 8 mil. Esse alto índice torna a diabetes a doença que mais consome recursos do SUS e, como se essa quantidade de pessoas já não fosse algo muito ruim, especialistas afirmam que quase metade desse número, cerca de 3,5 mil pessoas, não sabem que tem a doença ou não se preocupam com o tratamento.
Dr. Jadir Grilo, diretor do Centro de Saúde I de Ourinhos (Postão) e especialista em Saúde da Família, diz que é necessário um trabalho de conscientização por meio de campanhas na mídia para que as pessoas possam compreender a gravidade da doença: “é importante que existam mutirões de verificação de glicemia e, aliado a isso, campanhas que esclareçam sobre os efeitos colaterais da diabetes – essa doença é silenciosa, mas extremamente nociva para o organismo (…) vivemos em um mundo no qual as pessoas não se preocupam com a saúde, o estresse cotidiano e a obesidade quase epidêmica são fatores que farão o número de diabéticos crescer ainda mais”, alerta.
Por ter um número tão elevado de doentes no Brasil, não é raro que as pessoas precisem entrar com ações judiciais a fim de obter os medicamentos necessários para o tratamento. O protocolo do SUS contém um determinado número de remédios e tratamentos que são cobertos pelo sistema público, no entanto, há pessoas que para poderem controlar os índices de glicose precisam fazer uso de remédios mais modernos e, quase sempre, muito mais caros que os usuais. Inúmeras decisões favoráveis já foram obtidas nos tribunais e, por esse motivo, há estudos para que a tabela do SUS seja atualizada.
Júlio Cesar Benatto, presidente da Associação dos Diabéticos de Ourinhos, conhece bem o cotidiano da luta dos que precisam recorrer ao judiciário para ter direito aos medicamentos de alto custo: “o governo se recusava a fornecer as insulinas mais modernas, chamadas de análogas, por alegar que o valor era muito alto e o resultado era muito parecido com o das insulinas tradicionais – a ADO entrou com uma ação no Tribunal de Justiça de São Paulo que, com base em pareceres de especialistas, desmentia essa afirmação do governo – quando a decisão foi favorável, diabéticos do estado de São Paulo e, posteriormente, de todo o Brasil, se basearam nessa decisão para obter os medicamentos”, comemora.
A Associação de Diabéticos de Ourinhos é considerada uma instituição de referência para o acompanhamento e tratamento desse mal, onde os pacientes recebem atendimento multiprofissional para poder adaptar a vida às limitações que a diabetes impõe. “O tratamento aqui é ótimo, temos médicos especialistas, nutricionistas, enfermeiros e até psicólogos”, diz J.A.V., paciente que frequenta a ADO: “nos outros postos de saúde nós não recebemos um bom atendimento, aqui na ADO é tudo mais fácil”.
Júlio Benatto aproveita para fazer um alerta sobre dietas da moda e tratamentos irresponsáveis oferecidos pela internet que podem ser um risco à saúde: “o diabético deve procurar atenção médica e sua dieta deve ser orientada por um nutricionista: essa dieta que está famosa nas redes sociais, a do jejum intermitente, representa um sério risco de crise hipoglicêmica ao doente de diabetes”, adverte.
A ADO fica na Rua Silva Jardim, 828 – Vila Moraes, telefone (14) 3324-4845. O atendimento é em horário comercial e, embora para utilizar os serviços da associação seja necessário um encaminhamento médico, qualquer pessoa que for à sede da associação receberá orientações para o tratamento da doença.
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