terça, 17 de setembro de 2024
Publicado em 06 out 2017 - 09:50:09
Alexandre Mansinho
Nacionalmente o Sistema Único de Saúde, SUS, usa do Outubro Rosa para incentivar as mulheres a irem aos centros de atendimento de saúde para fazerem seus exames preventivos. Em Ourinhos, para o ano de 2017, estão previstas inúmeras ações com o objetivo de melhorar o atendimento às mulheres e reverter números macabros que acabam resultando em mortes por falta de tratamento preventivo.
A realidade – Números da Secretaria Estadual de Saúde registram que apenas 20% das mulheres na idade recomendada têm feito o Papanicolau em Ourinhos. Para a saúde feminina esse dado é extremamente preocupante, visto que há um grande número de doenças que poderiam ser evitadas e tratadas apenas com a realização anual desse exame. “Todas as mulheres devem fazer o Papanicolau a partir dos 25 anos, antes dessa idade a mulher também deve fazer o exame se já tiver vida sexual ativa. Todas devem, sem exceção, repetir o exame anualmente”, afirma Dr. Fernando Arturo Diez Perez – especialista em ginecologia que atende na cidade de Ourinhos: “com base no resultado, o médico pode identificar desde pequenas infecções, passando por DST’s como sífilis e gonorreia, até o temido câncer”.
Medo e vergonha – O aspecto cultural ainda interfere na qualidade das políticas públicas para a saúde da mulher. Em uma simples conversa, na sala de espera do Posto de Atendimento da Cohab, uma usuária disse a nossa equipe que diversas amigas e conhecidas dela, geralmente mais velhas, se negam a comparecer às consultas alegando que “os médicos são homens”, ou até “meu marido não deixa”.
O medo do resultado é também a justificativa para que a mulher não queira fazer os preventivos.
Segundo a secretária de saúde, Cássia Palhas, essa vergonha aos poucos já pode ser coisa do passado: “há exames não invasivos que podem ser feitos até em mulheres que nunca tiveram relação sexual, além da exigência de sempre haver uma enfermeira junto com o médico durante o procedimento. Além disso, há vários procedimentos que visam a garantia de discrição e respeito às convicções religiosas da paciente”.
Bate papo com elas – A equipe de jornalismo do Jornal Negocião entrevistou com exclusividade a responsável pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Cássia Borges Palhas e a única vereadora da Câmara de Ourinhos, Raquel Spada. Nessa entrevista foram abordados diversos temas, todos ligados à saúde da mulher e ao Outubro Rosa.
Horário especial de atendimento – A Secretária de Saúde divulgou um cronograma especial para o mês de outubro: “teremos palestras e atendimento em horário especial para as mulheres trabalhadoras (…) sabemos que é difícil para quem trabalha em horário comercial poder agendar uma consulta, ainda mais para os exames que dependem de cultura”, diz Cássia.
Massagem nos pés – Ainda segundo a secretária, um dos objetivos da SMS é promover os postos de saúde como espaço não só de tratamento de doenças, mas também de convivência e formação: “não podemos pensar nos pontos de atendimento somente como lugar de doenças, isso não é inteligente e nem humanizador (…) teremos, durante esse mês de outubro, até massagem nos pés para poder atrair as mulheres aos postos”.
Casa Rosa – Sobre o tema do atendimento humanizado, Raquel Spada ressaltou a importância do Projeto Casa Rosa para atingir esse objetivo: “estarei em breve em Brasília para articular a obtenção de recursos para a Casa Rosa, será importante ter um local que, além de dar abrigo temporário para mulheres vítimas de abuso, possa ser um centro de referência em saúde da mulher”.
Exames de alta complexidade – Outro problema que prejudica a qualidade do atendimento às mulheres na rede pública de saúde é a demora para agendamento dos exames de alta complexidade. Segundo a secretária Cássia, mesmo não sendo responsabilidade direta do executivo municipal, a prefeitura tem assumido a execução desses exames: “não podemos ficar de braços cruzados, recebemos o sinal verde do prefeito para realocar recursos a fim de zerar as filas dos exames de alta complexidade (…) é uma questão de humanidade e de resolutibilidade”.
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