terça, 15 de julho de 2025
Publicado em 05 jul 2022 - 09:48:51
Apesar do empenho e dos votos favoráveis dos vereadores Roberta Stopa, Nilce Protetora de Animais, Cícero Investigador, Guilherme Gonçalves e Roberto Tasca o projeto foi reprovado
Marcília Estefani
Com nove votos contra e cinco favoráveis, o Projeto de Lei 18/2022, que buscava a autorização da presença de doulas durante o trabalho de parto, parto e pós-parto em hospitais de Ourinhos foi rejeitado pela maioria dos vereadores na noite da segunda-feira, 4/7.
A votação aconteceu durante a Sessão Ordinária da Câmara Municipal, que teve início por volta das 18h00, e através dos votos dos vereadores Alexandre Zóio, Anísio Felicetti, Abel Fiel, Borjão, Eder Mota, Enfermeiro Alexandre, Furna Beco da Bola, Gil Carvalho e Latinha, foi derrubado no plenário.
Votaram a favor do projeto a vereadora Roberta Stopa, autora do projeto, Nilce Protetora de Animais, Cícero Investigador, Guilherme Gonçalves e Roberto Tasca, que também usaram o plenário para defender o projeto, mostrando os benefícios que ele traz às mulheres gestantes e em trabalho de parto.
O vereador Éder Motta, como presidente da Comissão de Saúde, declarou seu voto contra justificado pela inexistência de uma lei estadual que ainda está em tramitação, o que não oferece, segundo o edil, tranquilidade para votar a favor.
Ainda em sua fala, na questão da Comissão de Saúde, ele abordou sobre a constitucionalidade e legalidade, afirmando que no SUS não existe na tabela uma obrigação de custear esse trabalho da doula, que o projeto não garante o direito às mulheres de classe baixa, que não têm condições de custear esse serviço, infringindo o princípio da igualdade. Abordou também a Lei Federal 8080 de 19 de setembro 1990, que em seu artigo 19, dá o direito de um acompanhante à toda parturiente, podendo a doula ser esta acompanhante se for da vontade da paciente.
A vereadora Roberta Stopa considerou que houve uma invasão de atribuições pelo nobre colega, pois compete à comissão de saúde emitir parecer de processo referente à saúde, e não falar sobre constitucionalidade, e existe um regimento interno que regulamenta isso.
Ela esclareceu que um dos motivos do projeto estar sendo apresentado, é para que a doula deixe de ser considerada uma acompanhante, que acaba por tirar o direito do pai ou outra pessoa escolhida pela paciente de assistir o parto.
O Vereador Guilherme ressaltou, entre outras coisas, que é por não existir uma Lei Estadual que o projeto foi apresentado, se a mesma existisse, não seria necessária a discussão. “Quantas leis estaduais foram aprovadas na Casa antes de ter Lei estadual?” e ainda lembrou que este é o momento de se reverter a situação e das doulas deixarem de ser vistas como acompanhantes.
O PL foi rejeitado no ano passado, e teve parecer opinativo desfavorável na Comissão de Saúde da Câmara Municipal sendo mais uma vez apresentado para votação e rejeitado.
Ourinhos é a única cidade que rejeitou o PL, que já é legalizada em cidades próximas como Assis, Bauru, Presidente Prudente, entre outras.
DOULAS – Para quem não conhece, ‘DOULA’ é um termo de origem grega que significa “mulher que serve” e, apesar de não ser profissional de saúde, a sua atuação facilita a existência de um parto mais humanizado, já que é comum que a mulher se sinta desamparada neste momento. Acompanham a gestante durante todo o período de gravidez, oferecendo conforto e suporte emocional em todos os momentos, antes e depois do parto, sendo escolhida e paga pela gestante, não gerando custos aos hospitais e maternidades.
Além disso, é comum que as doulas defendam o parto mais natural possível, com o mínimo de intervenções médicas.
Entretanto, é importante lembrar que, apesar da capacidade e preparo para realização de partos, a doula não tem conhecimentos suficientes para intervir caso surja complicações ou situações que ponham em risco a saúde da mãe ou do bebê, por isso, é recomendado que nenhum parto aconteça sem a presença do profissional de saúde, como obstetra, pediatra e enfermeiro.
PROJETO JÁ FOI APROVADO PELO SENADO – Informações da Agência Senado dão conta que O Plenário aprovou, em 16 de março de 2022 o PL 3.946/2021, que traz as regras e requisitos para o exercício da profissão. O texto está em análise na Câmara dos Deputados.
O projeto, da senadora Mailza Gomes (PP-AC), foi aprovado com mudanças feitas pela relatora, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Pelo texto, doula é a profissional que oferece apoio físico, informacional e emocional à pessoa durante a gravidez e, especialmente, durante o parto, buscando a melhor evolução desse processo e o bem-estar da gestante, parturiente e puérpera (mulher no período pós-parto).
“Este projeto que nós estamos a relatar vem nessa linha do olhar humanitário, do acompanhamento da mulher. Todas nós que somos mães entendemos a complexidade desse período, ainda mais quando a mulher está inserida em um ambiente economicamente instável. Essa profissional, que passará a ser reconhecida a partir da aprovação desta lei, vem exatamente fazer esse atendimento” disse a relatora, que é também autora de outro projeto sobre o mesmo tema.
Ao apresentar o projeto, a senadora Mailza Gomes lembrou que a função da doula não é substituir o cuidado familiar e a assistência de profissionais de saúde, mas sim, fazer a ponte entre a grávida e a equipe de saúde. Para ela, a atuação das doulas pode promover o conforto das mães, com o emprego de técnicas não farmacológicas que ajudam a aliviar as dores e favorecer o trabalho de parto.
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