Um estabelecimento recebeu visita da Vigilância Sanitária e se comprovadas irregularidades, será penalizado conforme protocolo estadual de segurança sanitária

Marcília Estefani

Casos de intoxicação por metanol é realidade e vem trazendo medo aos brasileiros neste mês de outubro de 2025. Os casos, geralmente causados por bebidas alcoólicas adulteradas, levaram a uma ampla investigação e ao envio de um lote de antídoto (fomepizol) pelo Ministério da Saúde.

O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. A intoxicação ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas e comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, pode causar sintomas como náuseas, dores de cabeça, alterações visuais graves, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.

EM OURINHOS – A Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Departamento de Vigilância Sanitária, informou na última semana sobre casos suspeitos de intoxicação por metanol atendidos na Santa Casa de Ourinhos.

Os pacientes — um homem de 36 anos e três mulheres, com idades de 21, 28 e 33 anos — apresentaram sintomas leves, realizaram exames laboratoriais de rotina e foram liberados após avaliação médica, sem evolução para quadros graves.

De acordo com o protocolo estadual, amostras de sangue coletadas foram encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz, referência para confirmação da presença de metanol no sangue. Em boletim divulgado pelo governo do estado na noite da quinta-feira, 9 de outubro, Ourinhos aparece com um caso em investigação e um caso descartado.

INVESTIGAÇÕES – Segundo investigação preliminar, três dos casos tiveram ingestão de bebida alcoólica fora do município de Ourinhos, em cidades do estado do Paraná, que já foram oficialmente comunicadas pela equipe de Vigilância Epidemiológica local.

Em Ourinhos o estabelecimento citado recebeu visita dos fiscais da prefeitura e se comprovadas irregularidades, serão adotadas as medidas previstas no protocolo estadual de segurança sanitária.

ESTABELECIMENTOS SE MANIFESTAM – Em contrapartida, pelas redes sociais ficou clara a preocupação de proprietários de estabelecimentos que comercializam bebidas, como bares, restaurantes, pubs, hotéis e até de distribuidoras de Ourinhos que têm se manifestado com postagens que ressaltam segurança na compra e na distribuição de seus produtos.

Eles mostram a importância de comercializar bebidas adquiridas de fornecedores oficiais, legalizados, que garantem a procedência dos produtos e a segurança para o cliente final.

Um dos estabelecimentos informou que além de manter relacionamento com fornecedores homologados, investe em rastreabilidade completa dos produtos e processos internos criteriosos de recebimento, controle e armazenamento das bebidas servidas.

Um hotel da cidade achou por bem suspender a venda de bebidas destiladas, servindo apenas chopp, cervejas e vinhos, até que sejam divulgadas orientações das autoridades sanitárias.

PENALIDADES – As ações de fiscalização seguem orientações técnicas da Secretaria de Estado da Saúde, que determinam a inspeção de estabelecimentos varejistas e atacadistas de bebidas relacionados a casos suspeitos, com possível apoio da Polícia Civil para apreensão de produtos e envio à Polícia Científica.

Nos locais onde há consumo de bebidas alcoólicas, como adegas, podem ser aplicadas interdição cautelar total do estabelecimento, conforme prevê a Lei Estadual nº 10.083/1998. Já nos casos de distribuição ou revenda de bebidas, sem consumo no local, a interdição parcial se restringe às bebidas destiladas (como gim, vodka, whisky e cachaça), utilizando o princípio da precaução. Produtos como cerveja, refrigerantes, sucos e energéticos não são alvo das medidas, por não apresentarem risco relacionado à contaminação por metanol.

A Secretaria de Saúde reforça a importância de que a população somente consuma bebidas alcoólicas de procedência conhecida, evitando produtos de origem duvidosa, sem rótulo ou selo fiscal.

CASOS AUMENTAM – Passou de 20 para 23 o número de casos confirmados de intoxicação por metanol no estado de São Paulo, segundo boletim divulgado pelo governo na quinta-feira, 9 de outubro. Há ainda 171 casos em investigação.

A confirmação de casos vem subindo de forma constante ao longo da semana. Foram 15 casos confirmados de intoxicação por metanol na segunda-feira (6), 18 na terça (7) e 20 na quarta (8), segundo dados do governo estadual.

O número de análises descartadas também cresceu de maneira expressiva: foi de 47 na segunda para 85 na terça, 111 na quarta e 152 até a quinta, após os resultados das análises clínicas das amostras suspeitas.

Quanto à notificação de óbitos, o país tem 15 registros, com dois óbitos confirmados no estado de São Paulo e 13 em investigação (7 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 em PB e 1 no CE).