quarta, 30 de abril de 2025

Secretário de Saúde é questionado por três horas pelos vereadores

Publicado em 22 maio 2015 - 12:22:23

           

Hernani Corrêa

Os vereadores de Ourinhos vêm convocando os secretários municipais com o objetivo de dar explicações de suas respectivas pastas e, nesta semana, foi a vez do Secretário de Saúde André Luiz Camargo Mello. O plenário recebeu um grande público, grande parte dele de funcionários ligados à Secretaria Municipal de Saúde.

O secretário fez uma explanação inicial por cerca de uma hora sobre toda a estrutura da Saúde em Ourinhos, como funciona o complexo, a rede de atendimento como a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), UBSs (Unidades Básicas de Saúde), AME (Ambulatório Médico de Especialidades), SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), o SAI (Sistema de Informação Ambulatorial) a Santa Casa, o Hospital de Especialidades, o Hospital de Saúde Mental e outros setores. 

André afirmou se orgulhar da cidade por possuir um dos menores índices de mortalidade infantil do país e de conseguir manter funcionando a UPA e o SAMU, enquanto que em diversas cidades estes serviços já fecharam ou nem chegaram a ser implantados. Outro ponto positivo abordado por Mello é o fato da Santa Casa de Ourinhos ser a segunda melhor do estado e, apesar de termos uma epidemia de dengue na cidade a estrutura de atendimento foi suficiente, foi feito um mutirão inclusive, com médicos mais antigos na cidade e não tivemos nenhum caso de morte.

“Vadinho” – O vereador Edvaldo Lúcio Abel (PSDB), questionou a ajuda dos municípios da região com recursos, pois sobrecarregam nossa cidade, pediu esclarecimentos sobre a informatização na Saúde, a fiscalização das verbas repassadas pelos governos, o atendimento à população mais carente da cidade e porque não terceirizar os serviços de laboratório. André respondeu que foram contratados médicos pela UMMES (União dos Municípios da Média Sorocabana), vieram os médicos cubanos e através de concursos, muitos outros profissionais serão contratados ainda nesse ano. 

Quanto aos serviços de laboratório, André acha prudente termos duas estruturas de atendimento, e afirmou que a implantação da informatização está em processo final, e até o final do ano o “Postão”, o laboratório, a farmácia e depois algumas UBSs serão contempladas.

Lucas Pocay – O vereador Lucas Pocay (PTB) questionou o motivo de não ter sido feito antes o mutirão de limpeza para prevenir a dengue. André respondeu que houve um descompasso na limpeza urbana por parte da prefeitura e isso pode ter causado uma falta de colaboração da população também. Que cabe a Secretaria da Saúde somente o papel pedagógico de conscientização e de fiscalização. “Mesmo assim, instigamos os outros setores envolvidos a promover essa ação que culminou na participação da iniciativa privada, do Tiro de Guerra e assim conseguimos reduzir em 80% os casos”, disse.

Foi questionado também sobre a compra da nova Van, que substituirá a Van roubada no mês de janeiro em São Paulo, já que o seguro já pagou e por quê ainda não foi adquirido outro ônibus para transporte de pacientes conforme prometido por Belkis. O secretário afirmou que somente agora terminou o processo licitatório para a compra de outra Van e que não deverá comprar outro ônibus e sim outras três Vans, pois será mais eficiente para as necessidades de Ourinhos.

Alexandre “Zoio” – O vereador Alexandre Araújo Dauage (PRB) questionou a ausência do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Infantil e o secretário disse que primeiramente vai instalar o CAPS adulto, já em processo seletivo, “na cara e na coragem”, mesmo ainda sem recursos confirmados a partir de junho e depois o CAPS infantil.

Quanto à instalação do Centro de Atendimento a Deficientes Auditivos e visuais em Ourinhos, o secretário informou que ainda está “plantando uma semente” de incentivo à criação de uma associação que possa atender esses pacientes para que não precisem ir para fora da cidade.

“Cido do Sindicato” – Aparecido Luiz (PTB), entre outras questões, perguntou quando as UBSs dos Jardins Josefina, Guaporé e Pacheco Chaves, que estão com obras paralisadas, ficariam prontas, o motivo de remédios supostamente estarem estocados e vencidos no almoxarifado, mal distribuídos, se médicos, enfermeiros e dentistas das USFs (Unidades de Saúde da Família) que passaram por processos seletivos recentemente, se submeteriam a concurso público futuramente.

O secretário respondeu que as UBSs deverão ficar prontas entre o final deste ano e o primeiro trimestre de 2016 e está em estudos a implantação de USFs nos Jardins Santos Dumont e Matilde, mas descartou a Vila Musa, porque entende que a UBS da Cohab atende satisfatoriamente toda a região. Quantos aos medicamentos no almoxarifado, André Mello informou ter pessoa capacitada e de confiança no setor, que deverá ser ampliado e não garantiu concursos públicos aos funcionários das USFs.

“Flavinho do Açougue” – Flavio Luis Ambrosim (PMDB) perguntou da possibilidade da UBS da Cohab e da região do CAIC se transformar em UPA para favorecer por estarem distantes. Mello disse que vontade e pretensão têm, mas não há dinheiro. E se fosse fazer, seria melhor na Av. Domingos Camerlingo Caló ou Jardim São Francisco, por ter mais fácil acesso a rodovias.

Inácio J. B. Filho – O vereador do PT questionou se as verbas destinadas à Santa Casa estavam sendo empregadas corretamente, se o Governo havia enviado recursos para o combate à Dengue e se seria verdade que a UPA poderia ser administrada pela Santa Casa no futuro. O secretário garantiu que o dinheiro destinado à Santa Casa é muito bem fiscalizado, tem que comprovar o serviço prestado e que o hospital de Ourinhos foi um dos três do Estado que não sofreram cortes de verbas por prestar contas corretamente. Que o dinheiro enviado para a Dengue tinha sido utilizado para compra de veículo e equipamentos para os servidores e que não descarta a possibilidade da UPA ter outra administração, já que existe um contrato com o governo e ele finda em dezembro de 2015.

De acordo com os questionamentos do vereador sobre a possibilidade da Santa Casa começar a fazer as cirurgias bariátricas (redução de estômago) pelo SUS (Sistema Único de Saúde), o secretário informou que está correndo atrás desse credenciamento também, assim como para Oncologia (tratamento de Câncer) e Ortopedia de alta complexidade. 

Inácio ainda perguntou porque a prefeitura não pode utilizar o dinheiro gasto em propaganda, por exemplo, para o término das UBSs em construção e Mello respondeu que os recursos são oriundos de fontes diferentes, mas tem certeza que até junho tudo tenha sido normalizado em relação aos atrasos de repasses à Saúde.

“Tico da Boa Esperança” – Antonio Carlos Mazzetti (PT) ouviu do secretário que até agora não houve nenhum apontamento do TCU (Tribunal de Contas da União) na sua pasta. 

Ainda questionado sobre a dengue, esclareceu não ter optado pela nebulização por ter conhecimento do mal que causaria às pessoas e ao meio ambiente e por ver que Marília e São Paulo o fizeram e não resolveram o problema, e preferiu canalizar os recursos no atendimento à população comprovando que deu certo, já que em Ourinhos, apesar dos milhares de casos, não houve nenhum óbito. Assegurou que houve campanha de prevenção contra a dengue, mas sentiu um pouco de negligência em alguns bairros, que não obedeceram as orientações dos agentes, mas que a equipe foi suficiente.

Sobre a dificuldade de alguns pacientes que passam pela UPA em conseguir internação na Santa Casa, Mello disse que a secretaria tem a ouvidoria para que o caso chegue até ele e possa ser resolvido.

Sobre o dinheiro direcionado à área da saúde ser ou não suficiente, desabafou: “Os recursos que recebemos dos governos federal e estadual não são suficientes, eles querem que nós gastemos 15% em Saúde. Depois da vinda da UPA e do SAMU para Ourinhos, só de salários gastamos 13% do orçamento do município”.

Em relação ao grande número de pacientes que estão entrando na justiça para obter seus remédios, afirmou “Não somos responsáveis pelos medicamentos de alto custo que estão faltando no município, é alçada do governo do Estado. Somos apenas a “porta de entrada” para que o paciente entregue os documentos necessários, encaminhamos e depois entregamos o remédio quando chegam”.

Quanto aos remédios para diabéticos e outros que, muitas vezes, não são encontrados nos postos de saúde, o secretário explicou que existe um protocolo de medicamentos e diretrizes estabelecidas pelo Governo Federal, que alguns médicos não seguem e por isso acaba acontecendo este problema.

“Tasca” – O presidente da Câmara, José Roberto Tasca (PR) recebeu denúncias de funcionários que batem cartão mas não trabalham, estão de licença do INSS e recebem da prefeitura (cargos comissionados), foram exonerados e continuam recebendo, assegurou que revelaria os nomes ao secretário e teve a garantia dele que passaria à secretaria de administração para serem tomadas providências. Mello assegurou que haverá um corte de 20% nos cargos comissionados de sua secretaria, mas que ainda não começaram.

Sobre denúncias de que as UBSs que mantiveram os plantões durante o surto de dengue estavam desfalcadas de médicos ou enfermeiros, afirmou que não procedem e quanto a falta de pessoal nos serviços de limpeza, reconheceu a falha, que já foi solucionada com a admissão de profissionais através do último concurso realizado.

Quanto ao tempo de demora nos resultados de exames realizados na UPA, o secretário informou ser normal, em torno de três horas, pois são levados aos laboratórios de hora em hora, processados e remetidos os resultados via computador à unidade de saúde. “Mesmo que o paciente esteja internado na Santa Casa, a demora é a mesma e não há viabilidade de se ter o laboratório dentro da UPA”, disse e informou que o estacionamento da UPA utilizado pelos funcionários será também liberado em breve ao público.

“Dr. Salim” – Salim Mattar (PSDB) recebeu como resposta novamente que Ourinhos não teve nenhuma morte por causa da dengue, apenas dois casos de crianças que, já confirmados, morreram por febre maculosa. Que o primeiro caso já investigado, a criança provavelmente contraiu a doença no camping de Salto Grande e o segundo ainda será investigado. Informou que já solicitou ao Governo do Estado uma grande campanha de conscientização sobre a febre maculosa, que vem matando em diversos municípios do Vale do Paranapanema.

O médico e vereador alertou o secretário em relação ao novo vírus similar ao da dengue que está matando mais do que o Influenza (H1N1). O secretário respondeu que já tem conhecimento (Chikungunya e Zika), que também são transmitidos pelo mosquito da dengue e está tranquilo, porque acredita que até o início do próximo ano, já teremos a vacina para tudo isto.

“Alexandre Enfermeiro” – Alexandre Florêncio Dias (PMDB) disse que ficou sem perguntas pois todas foram respondidas, e relatou algumas “bandeiras” que levantou desde que assumiu o cargo de vereador e que já conseguiu êxito como o transporte digno para os pacientes que se tratam em Jaú, as cirurgias eletivas que está com a demanda suprida e a reforma do “Postão”.

Considerações finais de André Mello – Emocionado, o secretário agradeceu a oportunidade de expor seu trabalho e o desafio que aceitou quando assumiu a secretaria da saúde. “Dentro da mais singela humildade, agradeço termos essa conversa clara e franca não só entre nós, mas a todos que nos assistem, num tema tão controverso as vezes, que causa uma série de flagelos. Sou consciente do muito que tenho a fazer, mas sempre me empenharei ao máximo”, finalizou o secretário. 

© 1990 - 2023 Jornal Negocião - Seu melhor conteúdo. Todos os direitos reservados.