terça, 18 de fevereiro de 2025
Publicado em 27 mar 2015 - 10:45:39
Hernani Corrêa
Na última sessão da Câmara Municipal de Ourinhos, realizada na segunda-feira, 23, um fato inusitado chamou a atenção dos presentes e daqueles que assistiam pela televisão ou internet. O presidente denunciou uma tentativa de extorsão do proprietário de um site de Ourinhos, para forçar a entidade a assinar um contrato de propaganda. A reportagem ouviu “Tasca” com exclusividade.
Você disse em sessão que foi literalmente “chantageado” pelo proprietário de um site da cidade. Já havia acontecido antes com você, como vereador ou comerciante?
Não, nunca houve, foi a primeira vez. Na realidade eles oferecem “um determinado pacote”, uma determinada divulgação dando ênfase e credibilidade no seu nome para que você pague uma determinada quantia.
Como foi exatamente a abordagem, trouxe algum contrato?
Justo, eles marcaram um horário, vieram até meu gabinete, nesta mesma sala e aqui me foi feita a “proposta”.
Você disse, inclusive, que ele costuma tomar café com você e vive rodeando a Câmara. Você considera uma cobra que poderia estar sendo criada aqui dentro?
Na realidade não diria que é uma cobra. São pessoas que não estão preocupadas com Ourinhos, que têm o meio de comunicação e usam para fazer chantagens deste tipo.
Você preferiu não citar o nome da pessoa e nem do site. Isto tem sido prática de alguns vereadores na Tribuna da Câmara, como outros (mostram o milagre e não dizem o santo, acusam generalizando). Você não considera que isto pode prejudicar a credibilidade dos parlamentares ourinhenses em geral?
Não, acredito que não. Como bom entendedor eu falei e, com certeza, a carapuça serviu porque eu falei dos sites que se você entrar, de cada dez matérias publicadas, nove falam bem do Executivo. Automaticamente são estes sites que estão tentando descredibilizar, prejudicar alguns vereadores que estão fiscalizando. A Câmara nunca foi fiscalizada como hoje é fiscalizada, têm projetos que não deixamos passar porque é prejudicial para a sociedade. Tem projetos que estavam parados, são bons para a sociedade e vamos liberar, indiferente de qual vereador é o autor. Tem alguns projetos que não vamos liberar porque as justificativas não são boas, não condizem com a realidade. Nós verificamos que estes sites entram nos orçamentos da prefeitura, nos valores que ela gasta com a mídia. Nós podemos aqui até nos questionar: será que não é a própria prefeitura que pede para que as notícias de alguns vereadores sejam veiculadas numa pressão meia que indireta?
O vereador Inácio J. B. Filho chamou este chantageador de canalha na tribuna. Como você não o identificou, qualquer outro proprietário de site acabou sendo acusado perante a população de Ourinhos. Você não recebeu críticas dos outros que são inocentes por isso?
Não recebi e estou recebendo muitos elogios, inclusive de Jornais e jornalistas me parabenizando. Os próprios jornalistas e a população estão sabendo quem é.
Essa prática de chantagear político ou comerciante é antiga em Ourinhos. Temos conhecimento de diversas histórias de pessoas que já sofreram isso. Você tem agora documento que comprova isso? Pretende agir contra esse criminoso?
Não, porque a documentação que me trouxeram é feita em papel sulfite, apenas com os valores, sem nenhuma identificação da empresa. Mesmo se tivesse, apenas tentou fazer um contrato e não conseguiu. A chantagem não tenho como provar. Não identificou, mas todo mundo sabe quem é.
Você considerou em seu pronunciamento um absurdo a quantia que a prefeitura de Ourinhos gasta com os veículos de comunicação da cidade (em torno de R$ 550 mil por trimestre). Isto é uma realidade que inclusive já foi denunciada, essa orgia na imprensa ourinhense. O que pretende fazer com estes valores comprovados em mãos?
Na realidade, os projetos chegam e somos nós que liberamos, são prerrogativas do Executivo. São projetos de Lei não identificando os valores que serão destinados para cada veículo de comunicação. Vem como a gente chama de “pacote fechado”. O que acho estranho, por exemplo, é que com R$ 558 mil hoje gastos com a imprensa de Ourinhos a cada trimestre, poderia se entrar no horário nobre da TV Globo, no Faustão, no Fantástico, falando da cidade de Ourinhos. Ou seja, gasta-se muito com a imprensa sendo que poderia ter outros meios de comunicação. Alguns veículos de comunicação recebem valores que acredito até ser imoral, porque existem outros como o seu Jornal, o Diário, que tem uma enorme divulgação e tem que ser favorecidos. Não estou dizendo que tem que se pagar mais ou pagar menos. Mas são jornais com procedência, tem transparência, procura mostrar a realidade, o que está sendo feito, o que não está, ou seja, é essa a mídia que hoje nós queremos.
A Câmara Municipal atualmente gasta dinheiro com propaganda nos veículos de comunicação da cidade?
Hoje não gastamos porque temos o site e a TV Câmara que não pagamos nada, apenas um valor irrisório, porque pagamos somente o comodato para utilizá-la e os equipamentos de transmissão.
Você pretende deixar como está, sem investir em nenhum outro veículo de comunicação?
Hoje não podemos descartar que a imprensa faz a diferença, mas hoje, de momento, está sendo o suficiente. E mais, o que eu vou publicar? A trajetória de um vereador, onde ele vai, onde ele não vai? Tudo isto está no site, na TV Câmara, tudo registrado.
Você acredita que a visibilidade do site e a audiência da TV Câmara são suficientes para divulgar, que o leitor, que o ouvinte, o telespectador, assiste quatro horas de sessão da Câmara?
Eu diria que uma boa maioria que tem interesse em Ourinhos está acompanhando sim.
Algumas medidas que você tomou nestes primeiros três meses como presidente, refletiram em uma grande economia para a Câmara. Explique melhor isso.
Na realidade é uma economia por um excesso de cargos de comissão que existia, hoje ainda existem alguns, mas já no mês de fevereiro, precisamente já foram economizados R$ 130 mil só em salários. Acreditamos que vamos atingir no ano de 2015 mais de R$ 500 mil de economia só referente a isso e a nossa preocupação é de que como vem dinheiro público, nós precisamos começar a fiscalização daqui também. Foi aberto até uma sindicância contra um funcionário que se auto exonerou para descobrirmos se houve ou não superfaturamento de salários. Há indícios, por isso foi aberto essa sindicância que em 30 dias deverá apurar.
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