sexta, 08 de dezembro de 2023

Sobe o número de mortes na UPA; direção diz que declaração de vereador é mentirosa

O número de mortes noticiadas pela mídia local de pacientes que receberam atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) é cada vez maior. Embora não se saiba os dados exatos, coincidentemente, duas mulheres morreram no mês de maio após receberem medicamentos na unidade. A família e a população pede esclarecimentos à direção, enquanto ela, por sua vez, trata casos como isolados.

            Na última sessão da Câmara, o vereador Antônio Carlos Mazetti chegou a denunciar que há casos de gripe suína, pacientes que estão em estado grave e não conseguem vaga na Santa Casa e até citou que foram registradas 14 mortes em menos de oito dias. A afirmação do vereador causou indignação ainda maior na população, que já pedia por esclarecimentos desde a morte da funcionária pública Aline Moraes, 39, que morreu após receber medicamento injetável na UPA.

            Dez dias depois, a mesma situação se repetiu. Desta vez, a vítima é a dona de casa, Cleonice Ribeiro, que chegou ao pronto atendimento na madrugada deste domingo (25) apresentando sintomas como falta de ar. Cleonice foi atendida e fez inalação, sendo medicada. Na mesma madrugada, veio a óbito no local. Com as mesmas características de Aline, ela morreu de parada cardiorrespiratória. 

            A saúde pública foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais que gerou questionamentos sobre o atendimento prestado para a população pela Unidade de Pronto Atendimento. A Câmara Municipal também foi palco de discussão sobre o cenário atual onde vereadores apontaram diversas falhas no sistema público de saúde.

            O vereador Antônio Carlos Mazetti foi quem fez uma denúncia delicada sobre o atendimento do UPA, afirmando que havia passado por lá e constatou diversas irregularidades. Ele disse: “Hoje eu estive lá visitando (UPA), tem paciente com a gripe lá, H1N1. Tem paciente com três dias internado e familiares levando sua refeição, temos caso de um paciente que levou uma garrafada e precisava de uma pequena cirurgia, não tem vaga na Santa Casa, foi feito lá… e mais grave ainda, a informação que eu tive é que em 08 dias, teve 14 óbitos”.

            A diretora técnica da UPA, Jucarla Casolari, no entanto, garantiu que as afirmações do vereador não condizem com a realidade e é preciso fazer um prévio e criterioso levantamento para uma contraposição ao que foi declarado por ele. “Tem que ser avaliado caso a caso, pois envolve atendimentos do SAMU no qual muitos já chegam em óbito na unidade, acidentados, casos de enfarto consumado antes do atendimento na UPA, além de outras patologias e suas incidências. Sem isso não é possível ter a real noção ou valor que servirá como base para examinar e julgar a situação”, disse.

            Em relação às mortes de Aline e Cleonice, ela revelou que não há como saber as causas da morte e isso só seria possível através de uma necropsia. A diretora tratou mortes como fatos isolados.

“Foram fatos isolados, fatalidades em pacientes que tiveram atendimento e vieram a óbito. As duas tiveram paradas cardiorrespiratórias, foram feitas todas as manobras, temos e seguimos todos os protocolos de atendimento. Olhamos os prontuários que suscitaram os fatos e o que podemos informar é o que nos permite o sigilo médico profissional para passar a imprensa, só se tivermos uma autorização das famílias por escrito”, esclarece.

Segundo Jucarla, o atendimento não é feito aleatoriamente e existe um protocolo de medicação. “São medicações padrão que receitamos. Antes a qualquer tipo de paciente sempre é perguntado se ele faz uso de medicamentos controlados, se tem alergia a algum tipo de medicação, se faz algum tipo de tratamento, se tem alguma doença, dependendo dessas informações a medicação não é usada, essa informação tem que partir do paciente e seguimos todos esses protocolos tanto na parte de pediatria e clínica médica”.

Famílias podem descobrir causas da morte

e exigir direitos através de necropsia

 

A causa dos óbitos, segundo Jucarla, é indeterminada e as famílias já foram informadas que para desvendar os casos seriam necessários exames de necropsia autorizado pelos familiares sem custo algum. Porém, embora esse seja o meio para exigir seus direitos diante de uma suspeita de negligência, a diretora informou que a família optou por não fazer.

            Jucarla não acredita que a causa da morte tenha sido alergia aos medicamentos. Conforme a médica, não há relato desses pacientes sobre alguma alergia a medicamentos: “Nós sempre estivemos a disposição em esclarecer os fatos para quem tenha se sentido lesado, mas o prontuário médico é sigilo do médico e do paciente e nesses casos dos familiares, não podemos expor esses prontuários e exames contidos neles para ninguém, é contra a lei. Nós sentimos muito e estamos abalados também com tudo que está acontecendo. Nós estamos aqui trabalhando dispostos a atender a população e somos a única rede de emergência que atende a população, a UPA foi projetada para atendimento de 6 mil pessoas e hoje atendemos cerca de 10 mil pessoas por mês”.

 

Para ela parte da mídia tem colocado o povo indiretamente contra a UPA e seus profissionais, e devido a isso, funcionários tem sido ofendidos verbalmente na unidade. A diretora enfatiza que os profissionais da saúde estudam e se preparam para salvar vidas e não prejudicar quem quer que seja. Ela argumenta que as fatalidades podem acontecer nas ruas, nas casas, na Santa Casa, em qualquer lugar”. 

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