quarta, 26 de março de 2025
Publicado em 01 jul 2016 - 12:37:08
Dados da própria Polícia Civil de São Paulo dão conta que a cada hora uma pessoa é estuprada no estado – a maioria dessas vítimas são mulheres, sobretudo adolescentes e adultas jovens. Em uma simples observação dos números somente nos últimos seis anos, é possível notar que esse índice varia pouquíssimo – é como se fosse uma estatística fixa e maldita. Na cidade de Ourinhos/SP esse número é igualmente cruel: ao menos três pessoas são vítimas de estupro por mês.
Estudos feitos pelo Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado de São Paulo afirmam que os números fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública são defasados – apenas 35% das mulheres vítimas de estupro procuram as autoridades, isso devido a fatores como medo do agressor, vergonha por ter sido violentada ou até pela crença de que a culpa do estupro é sempre da própria vítima (aquilo que chamamos de ‘cultura do estupro’).
Em Ourinhos há apenas um lugar onde a vítima de violência tem a certeza de obter um atendimento adequado: a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). Em outras delegacias, nos postos de saúde, nos hospitais e nos pronto socorros, com raras exceções, as autoridades e os servidores públicos não recebem o treinamento necessário para essa situação. Na maioria das vezes, o receio e a vergonha levam essa vítima a sofrer calada e suportar sozinha as consequências físicas e psicológicas da violência.
Nas Delegacias de Defesa da Mulher se encontram profissionais realmente capacitados para dar o atendimento às vítimas de estupro. Essa capacitação inclui a sensibilidade necessária para compreender a situação de fragilidade na qual essas pessoas se encontram e o tato necessário para colher seus depoimentos. Isso sem falar nos procedimentos necessários para a identificação do agressor e posteriores medidas judiciais e policiais para a punição dos culpados.
No entanto, na região de Ourinhos, com mais de 280 mil habitantes, temos apenas duas delegacias especializadas. Na DEINTER 4, que abrange as regiões de Ourinhos, Assis, Bauru, Marília e Jaú, há apenas 10 destas delegacias para mais de 2 milhões de habitantes. Com isso podemos concluir que combater a violência contra as mulheres e implementar políticas de prevenção à violência sexual não são prioridades do Estado. Podemos dizer que, infelizmente, estamos perdendo a batalha contra o estupro.
© 1990 - 2023 Jornal Negocião - Seu melhor conteúdo. Todos os direitos reservados.