quarta, 10 de setembro de 2025
Publicado em 01 jun 2020 - 23:20:47
Curso de Geografia será avaliado pela reitoria da Universidade que decidirá o futuro da Instituição na cidade
Letícia Azevedo
O campus da UNESP de Ourinhos enfrenta dias de incerteza. Com a provável suspensão do vestibular para o único curso que a instituição oferece no momento, que é o de Geografia, a Universidade aguarda uma posição oficial da reitoria que avaliará, através de uma comissão, o futuro do curso na instituição. Tudo isso se deu por conta da baixa procura e a alta evasão no curso de Geografia.
A UNESP Ourinhos formou algumas centenas de geógrafos e professores de geografia. Algumas dezenas de egressos do campus de Ourinhos deram seqüência à vida acadêmica e fizeram mestrado e doutorado. Em 2008 o curso de Geografia foi o 2º melhor do Brasil no ENADE. Em 2018 o 5º melhor do Brasil.
O Campus foi criado em 2003 com um único curso e oferecia anualmente 90 vagas no vestibular (45 diurnas e 45 noturnas). Nos últimos anos, as turmas não foram completadas e diversos alunos pediram a transferência para outras unidades da UNESP.
Apesar dos bons números apresentados pela Universidade, a reitoria insiste em justificar a possível interrupção do curso, por conta da baixa procura na unidade de Ourinhos, que conta hoje com 14 docentes. Apesar de ainda não notificada oficialmente, a instituição já se manifesta contrária a ação, temendo a transferência dos alunos para outra unidade da região, que possua o mesmo curso.
Segundo o Diretor da unidade, Prof. Dr. Edson Luís Piroli, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNESP, deliberou apenas de forma verbal a direção do Campus, que fosse realizado um estudo sobre a situação atual do curso de Geografia. “Todos os cursos que apresentarem essas peculiaridades deverão passar por esse estudo. E Ourinhos também passará. Porém de maneira oficial ainda não fomos notificados”.
De acordo com Piroli, a UNESP é financiada por uma cota parte de pouco mais de 2,34 % do ICMS do Estado, e devido à crise econômica enfrentada por conta da Covid-19 não há expectativa de injeção de capital momentaneamente. O professor relata que há muito apoio verbal de deputados estaduais e federais, mas que infelizmente, o apoio verbal não vem.
“O apoio verbal me conforta, mas necessitamos de ajuda financeira, de deputados, prefeitura. Precisamos de muito mais do que temos. Apesar do Campus ter uma ótima estrutura, com oito laboratórios e equipamentos de ponta, necessitamos de recursos para manter o padrão e trazer mais cursos para Ourinhos”.
Na opinião dele, o país vive um momento de baixa procura pela licenciatura, não só em Geografia. Edson acredita que a desvalorização da profissão contribui diretamente na evasão dos alunos e pela procura abaixo da média pelo curso.
“A sociedade não reconhece o valor do professor. Não somos valorizados de forma financeira e profissional. Isso contribui para que a licenciatura não seja atraente aos olhos dos jovens. Os jovens procuram pelos cursos de Direito, Medicina. E para a UNESP Ourinhos, o problema se agrava, pois nós possuímos apenas um curso, onde o carro chefe é a licenciatura, por isso estamos nessa situação delicada” – afirmou.
Durante anos a UNESP funcionou em imóvel cedido pela prefeitura, situado na Avenida Vitalina Marcusso, ao lado da FATEC e, a partir de 2011, iniciou a construção do campus, no Ville de France, inaugurado em sua totalidade em março de 2017. Foram investidos mais de R$ 10 milhões em recursos da própria UNESP e também pela Prefeitura de Ourinhos, que até o ano de 2016 manteve convênio com a Universidade, assumindo durante anos as despesas com vigilância, limpeza, água, luz e telefonia.
A instituição aguarda notificação oficial da reitoria da Universidade para confirmar a informação.
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