segunda, 11 de dezembro de 2023

Vereador acusa Belkis Fernandes de possível tentativa de suborno

Da reportagem

Há tempos o vereador Inácio J. B. Filho vem denunciando que a Prefeitura de Ourinhos está desperdiçando dinheiro público na contratação de órgão de comunicação e imprensa na cidade. Inácio tem sido o mais ferrenho defensor da redução de verba destinada a publicidade oficial, observando aspectos importantes em torno do assunto como o fato de que a prefeitura tem se apoiado, desde 2008, em arranjos orçamentários dentro da Lei Orçamentária Anual (LOA) que tem lhe permitido gastar quantias exorbitantes com propaganda.

Conforme o vereador de 2008 até 2014 já foram gastos 8 milhões e 500 mil, até 2016 a projeção é de que a cifra chegue nos 12 milhões. Na semana passada o vereador revelou na tribuna da Câmara que somente no segundo trimestre de 2015 mais de R$ 620 mil já foram dispendidos com publicidade. Suas denúncias chamam atenção também para uma prática nefasta e predadora muito presente na imprensa, conhecida como “jornalismo chapa branca”.

Na primeira sessão do legislativo ourinhense após o recesso e ocorrida na última segunda-feira (03), Inácio J. B. Filho voltou a falar do assunto trazendo a tona novos fatos que robustecem cada vez mais as denúncias que tem feito. O vereador também usou a tribuna para se defender dos ataques que tem sofrido pelo jornal A Gazeta Regional e os sites noticiosos Repórter na Rua, Tabloide e Jornal do Povo, denunciados pelo “chapabranquismo” e supostos superfaturamentos na prestação de serviço a prefeitura. Leia a seguir transcrição dos principais momentos do seu pronunciamento que revelou ainda uma suposta tentativa de suborno agravando ainda mais as denúncias que tem feito.

Referindo-se a movimentação política e a relação do legislativo com o executivo a cerca da eleição do novo presidente da Câmara de Ourinhos no final de 2014 para o biênio 2015/2016, o vereador declarou que não só ele, mas outros parlamentares sofreram pesada pressão para que votassem no vereador Flávio Ambrozim, candidato indicado pela prefeita Belkis Fernandes. “Dezembro de 2014. A poucos dias da eleição escolha do novo presidente da Câmara segue indefinida (lendo manchete do Jornal Diário de Ourinhos). Não seguia não, nós já tínhamos escolhido o nosso presidente, que ganhou, só que para a imprensa e você que está me ouvindo a prefeita quis mudar isso oferecendo algumas vantagens financeiras para a Rádio Melodia (Inácio é repórter e apresentador da emissora). Ela inclusive ofereceu o dobro do que a rádio recebia da prefeitura para que nós pudéssemos votar no candidato dela o que não ocorreu porque eu disse para ela que minha dignidade não tem preço. E aí todo acordo e trabalho que nós vínhamos fazendo juntos rompeu-se (…) O vereador tem que ter independência, ele não pode ser atrelado ao executivo e nem pode aceitar suborno conforme a prefeita queria, para que nós votássemos no candidato dela. Então a partir desse momento todo acordo na parte política foi encerrado, ela cortou as relações com a rádio Melodia e com este vereador. Eu não fui eleito para defender interesse de rádio nenhuma e nem da rádio Melodia, se eu fosse eleito para ver meu próprio interesse, com certeza nós não estaríamos chegando na situação que nós vamos chegar. Se eu fosse a prefeita pediria urgente a abertura de uma sindicância sobre os gastos com a imprensa, porque ela corre um sério risco com os documentos que chegaram agora com os gastos do primeiro e segundo trimestre de 2015. Está tudo detalhado nas próprias notas fiscais e nos planos de inserção e pedidos de irradiação dos veículos de comunicação”. Conforme o vereador, os documentos a que se refere foram protocolados na OAB e enviados ao programa Fantástico da Rede Globo expondo a relação comercial de alguns órgãos de imprensa da cidade com a prefeitura. 

Sobre a denuncia do presidente da Câmara Roberto Tasca, de que em março teria sofrido tentativa de extorsão de jornais e sites, Inácio declarou: “Repórter na Rua, Tabloide, Jornal do Povo criaram uma agência com o nome Massiva que eu chamo de extorsiva. É uma agência para extorquir políticos e eu vou mostrar os números pra todos verem se eu estou errado. E se eu estiver errado me mandem os documentos aqui que eu irei desmentir os números que irei passar (…) eu converso com muitos empresários, organizadores da Fapi e eles falam a desgraça que é esse pessoal, que monta veículos de comunicação pensando que tem que viver as custas de políticos e da prefeitura.

Seguindo contundente em suas declarações, Inácio J. B. Filho defendeu-se da acusação de crime eleitoral feita pelo diretor do Jornal Gazeta Regional, Paulo Sergio Zório, rebateu e destacou uma reportagem do Jornal da Divisa publicada em 2000 na qual o jornal Gazeta já era acusado de superfaturamento em contrato com a prefeitura, dando a entender que a suposta prática é antiga: “No conteúdo dessa matéria fala que o jornal Gazeta faturou as custas da prefeitura R$ 1.100,00 por página. Mas tudo bem, mil e cem reais custa isso hoje em 2015, é o valor que um jornal serio cobra. Só que essa reportagem é do ano de 2000, naquela época ele (Gazeta) cobrou esse valor por página do poder público. (…) Já em 2105, o Gazeta recebeu em abril, maio e junho deste ano R$ 37.000 mil sendo que nas prestações de contas que estão em minhas mãos demonstra que ele cobra hoje por página R$ 3.250 mil da prefeitura por uma página inteira (…) Como pode esse senhor falar em crimes, quero ver ele falar que eu fui ladrão, que eu roubei um centavo do poder público (…) quero ver ele falar da minha vida pessoal como ele falou quando estava em recesso, como se vereador não pudesse dar um passeio na praia. Foi tudo pago com meu dinheiro, diferente da prefeita que foi pro Tayayá e gastou uma fortuna e agora vai ter que devolver o dinheiro pra Prefeitura (…) ele e os outros não publicaram uma linha sobre isso.”

O vereador continuou o discurso com cópias de notas fiscais nas mãos, as quais segundo ele, estão claros os indícios de superfaturamento na prestação de serviços de publicidade. “Nós estamos aqui com notas fiscais do site Repórter na Rua, em uma nota de 9 mil reais paga no dia 10 de abril, o site cobrou da Prefeitura por 24 exposições (período de 24 dias) de um banner (anúncio em sites) R$ 375,00 por dia. (…) isso é brincar com o Ministério Público, com o dinheiro do povo e com essa Câmara de vereadores se nós formos omissos sabendo que isso aqui está errado, a nossa consciência nos acusa se nós não falarmos sobre isso ao Ministério Público. Mas o que causa estranheza é que o mesmo site, uns três meses antes cobrou pelo mesmo serviço R$ 150,00 em uma nota de R$ 4.950,00. Em três meses o Repórter na Rua já recebeu o valor de 23 mil reais, (…) essa é uma contratação prostituta com o dinheiro do povo, com esses veículos de comunicação, 375 reais por dia é brincar com o dinheiro da população. Há o caso de uma nota com as mesmas inserções diárias que custam 96 reais. 

Inácio acusou também o portal Jornal do Povo que seria supostamente editado por funcionário da Prefeitura lotado na secretaria de Meio Ambiente, de fazer parte do que ele chama de máfia da imprensa em Ourinhos: Tem aqui o preço por exposição diária a 80 reais, somando 31 visualizações saiu por R$ 2.500,00. Depois ele próprio em outra nota de 24 visualizações diárias por R$ 208,00 cada no total de R$ 4.992,00. Esse esquema de imprensa chantagista em cima do executivo não é de hoje, não começou agora nessa gestão (…) não é justo essa imprensa do mal vencendo a imprensa do bem, Ourinhos tem uma imprensa do bem mas tem essa imprensa maléfica que quer viver as custas do cidadão que paga imposto. (…) esse Jornal do Povo também faz parte do esquema e as notas fiscais comprovam isso, já veio várias vezes fazer matéria aqui em horário de serviço, só que ele foi tão infeliz que em todas as notas é sempre o mesmo serviço com valores muito diferentes.

Sobre o site Tabloide que começou a funcionar em 2014, segundo o vereador, as notas fiscais tem uma sequencia numérica que indica que ele só vende publicidade para a prefeitura: “Isso é um escândalo, que comprova a máfia da comunicação, é um site mafioso só pra extorquir dinheiro do poder público num preço que não pode ser vendido. Está tudo aqui nas notas fiscais, os preços, todas as diferenças comprovando o superfaturamento. (…) tem outros sites e jornais aqui que não vou citar o nome e falar agora mas os coleguinhas também são lisos e bem ligeiros”.

Antes de finalizar sua fala na tribuna Inácio J. B. Filho dirigiu-se ao Ministério Público apelando para que as denuncias sejam investigadas: “Dr. Adelino, novamente, o senhor está com a faca e o queijo na mão, e queijo bom pois eu não estou levando mentiras para o senhor não. Eu não usaria o nome do senhor aqui se eu estivesse lhe enganando. Ou enganado os meus eleitores que esperam que eu fiscalize o gasto do dinheiro público. Quando você começa a fiscalizar o dinheiro em cima dessa máfia de comunicação que se montou aqui em Ourinhos eles tentam detonar você (…)podem meter o pau, fala mesmo, arrebenta comigo, eu tenho as costas largas e não tenho medo”.

Encerrando o vereador fez um alerta aos empresários e comerciantes da cidade para que saibam que o jornal Gazeta Regional cobra R$ 3.250,00 uma página inteira da prefeitura por meio da agência de propaganda Única de Maringá, encarregada de gerenciar e distribuir toda a verba de publicidade da prefeitura para os órgãos de imprensa e comunicação de Ourinhos. “O problema todo que venho denunciando está também aqui, a agência de propaganda Única recebeu em 5 meses R$ 202.000,00 (período de campanha contra dengue), o problema da dengue todo ano é o mesmo, o mosquito da dengue é o mesmo. Todas as campanhas contra a dengue que fazem a cada ano poderiam ser reaproveitadas, anúncios, arte, propaganda de TV e rádio etc.. Não fazer tudo de novo a cada ano, isso é um esquema de gastar dinheiro público a toa e a prefeita tem culpa nisso, ela não olha o dinheiro do povo e o secretário José Luiz Quenca que autorizou, isso é quem aparece assinando os pedidos toda vez que se nota superfaturamento”.

 

Você sabe o que quer dizer “Imprensa Chapa Branca”?

O termo “Chapa Branca” designa defeito moral, imperfeição, vícios no jornalismo. Alude ao comportamento de determinados setores da imprensa que vive do dinheiro público transferido via publicidade oficial. Comportamento exclusivamente de interesse econômico em detrimento de posturas ideológicas coerentes, éticas e honestas dentro da profissão. Na prática, é a imprensa que sempre está noticiando fatos favoráveis aos governantes, costumeiramente omitindo os atos errados e fazendo promoção do governo e seus agentes políticos. É um comprometimento em manipular informações, dissimular, evitando a divulgação dos fatos que possam causar mal estar no governo. Estes desviam-se do compromisso primordial do jornalismo como espaço privilegiado para a promoção da cidadania e a formação de cidadãos conscientes com seus direitos e deveres. São a negação do dever, responsabilidade e compromisso com a repercussão de fatos para provocar o debate e a reflexão que levem a atitudes capazes de transformar significativamente a realidade em prol da sociedade. É o alijamento em diferentes níveis da condição transformadora que pode alterar o cotidiano de pessoas ou de populações, evolução e avanços visando o progresso de comunidades, cidades, países e do mundo. Um topa tudo por dinheiro.

© 1990 - 2023 Jornal Negocião - Seu melhor conteúdo. Todos os direitos reservados.