domingo, 08 de setembro de 2024
Publicado em 20 fev 2016 - 03:42:47
José Luiz Martins
“Há pelo menos 10 anos a população ourinhense ouve o papo de que a instalação de taxímetro nos taxis da cidade vai acontecer, muito se falou e divulgou sobre o assunto que sempre cai no esquecimento e nada acontece”. Essa é a opinião de um motorista de taxi ouvido pela reportagem do Novo Negocião, que preferindo não se identificar, diz que existe muita politicagem sobre essa questão e citou sua participação em uma reunião em fevereiro de 2014, promovida pela Coordenadoria de Trânsito.
Segundo o taxista a finalidade do encontro que contou com a participação da Associação Comercial e Empresarial de Ourinhos (ACE) e alguns secretários municipais, era propor novas diretrizes para o serviço de táxi para a população. “Falou- se nessa reunião que iam acertar a colocação de taxímetros, para não ocorrer diferenças de preços e ter cobrança justa tanto para os passageiros e taxistas também, mas ficou só na conversa”, lembrou.
De tempos em tempos o sistema de taxímetro utilizado em cidades de grande porte para carro de aluguel volta a ser discutido e até com aprovação de normas, como em 2008, quando o projeto de lei do ex-vereador Fauez Salmem versando sobre a obrigatoriedade de taxímetros nos veículos foi aprovado pela Câmara. No entanto a lei acabou não sendo sancionada pelo então prefeito Toshio Misato e o tipo de cobrança para esse tipo de prestação de serviço, considerado o mais justo, pois cobra preços pré-estabelecidos por quilometro rodado não é realidade no município.
Já em sessão realizada no último dia 11/2 o vereador Alexandre Dauage (Zóio) cobrou da prefeitura o cumprimento da Lei nº 6195/2015, de sua autoria, que trata da obrigatoriedade da utilização de taxímetro nos carros em atividade de taxi na cidade. A lei aprovada pela Câmara Municipal e publicada no diário oficial em janeiro de 2015, segundo seu autor, é um pedido da população e dos próprios taxistas. Para Zóio, a implantação do Taxímetro nos veículos seria uma forma mais transparente e o usuário se sentiria mais tranquilo ao saber quanto vai custar sua viagem. O vereador pede agora para que a prefeitura cumpra a lei e dê um prazo para que os taxistas instalem o equipamento e trabalhem de acordo com a legislação em vigor.
A reportagem conversou com taxistas do ponto da Rodoviária, que demonstraram favoráveis a implantação mas criticaram alguns pontos da questão que acreditam prejudicá-los, como a fiscalização e as despesas que terão na colocação a aferição periódica que é exigida por lei para os aparelhos. Há três anos na profissão o taxista Ademir Costa disse à reportagem que é favorável a implantação dos taxímetros, mas avalia que ajustes precisam ser feitos.
Conforme Costa, os taxistas têm hoje uma grande concorrência com os moto-taxis e os taxis clandestinos que não são regulamentados e não pagam taxas e alvarás exigidos para a atividade. “Eles tiraram grande parte dos nossos serviços e estão livres de impostos, taxas e isso é uma concorrência desleal com a gente. Sem falar nos taxis clandestinos que atuam na cidade e não existe fiscalização para isso. Primeiro teria que resolver isso tudo, encontrar um equilíbrio, para depois implantar o taxímetro, argumentou.
Ele observa que a população de Ourinhos não é usuária de taxi e o faturamento mensal tem cada vez mais diminuído devido vários fatores que vão, do que chamou de concorrência desleal, manutenção dos veículos, alto preço dos combustíveis e pneus entre outros. “É uma coisa bem vinda desde que nós consigamos conversar com a o departamento de trânsito da prefeitura, com a Câmara, para regularizar tudo que está errado nesse setor do transporte e fiscalizar. Nós temos uma comissão de motoristas que nos representa, foi apresentada formalmente a prefeitura faz tempo, mas até hoje eles não nos chamaram para conversar”, relatou o taxista.
O taxista Jonas de Paula Lima, há 38 anos na profissão, diz que já trabalhou com taxímetros em outras cidades e é muito bom, o passageiro vê o quanto está pagando por trecho percorrido. Reclama que volta e meia os taxistas são taxados de ladrões pelos próprios passageiros que desconfiam que estão sendo explorados. Lembrou que há tempos existe essa demanda mas, segundo ele, não conseguiram até hoje regularizar isso pois não há um órgão responsável para fiscalizar.
O profissional cita dificuldades como o fato das oficinas autorizadas para aferição dos taxímetros mais próximas estarem a mais de 100 km de distância de Ourinhos. “Também não tem fiscal nenhum, todos trabalham do jeito que querem aqui. Tem motorista aqui, que provavelmente nem carteira de motorista tem. Tem taxista que não tem documentos autorizando a trabalhar como taxista é nos supermercados, em porta de hotéis, bailes, carros particulares com placas brancas que coloca o sinalizador de taxi e sai pegando passageiro, na verdade esse setor sempre foi muito bagunçado em Ourinhos”, denunciou Jonas.
Existem hoje na cidade 65 taxistas devidamente legalizados para a prestação do serviço, cerca de 50 estão em atividade, informações dão conta de que outros 30 exploram a atividade atualmente atuando clandestinamente. No momento, não existe uma tabela de preços, os valores do serviço são acertados no momento da corrida, o valor mínimo de corridas a partir da rodoviária é de R$ 20 enquanto dos pontos do centro é de R$ 15. Segundo os taxistas os preços praticados em Ourinhos têm como base os preços de outras cidades como Marília, Bauru, Londrina, entre outras.
Para o taxista José Moura, que é a favor do taxímetro, os moto-taxistas não prejudicaram tanto os motoristas de praça, ele vê como principal problema da categoria o número de clandestinos que estão espalhados pela cidade e vem aumentando. “Olha, as autoridades que fiscalizam nosso trabalho e nos cobram taxas e impostos, tem total conhecimento disso, que já foi denunciado e não fazem nada. Já foi tirado até fotografias com as placas brancas e sinalizador de taxi em cima dos carros, foi levado na prefeitura e nenhuma providência foi tomada. A fiscalização que existe é só pra cima de nós que estamos legalizados, fiscalizam na hora de cobrar as taxas e alvarás”, desabafou o taxista. A reportagem do NOVO NEGOCIÂO procurou a coordenadoria Municipal de Transito responsável pela fiscalização do setor para repercutir o assunto e não obtivemos retorno.
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