quinta, 30 de janeiro de 2025
Publicado em 09 out 2021 - 15:53:01
Arquiteto Gustavo Gomes fala sobre a “gourmetização” dos espaços
Da redação
O mercado imobiliário e o mercado da arquitetura, como todo mercado no mundo capitalista, precisa sempre se “reinventar” para tentar permanecer atual e, consequentemente, vendável.
Isso leva a um dos piores aspectos do capitalismo: o consumismo. E o consumismo depende muito da obsolecência das coisas. Assim, a arquitetura acaba sofrendo esta força do mercado.
Na arquitetura, essa força se apresenta como a “gourmetização” dos espaços. A velha e boa área de lazer das casas se transformou em “Espaço Gourmet”.
Gourmet é uma palavra francesa que significa a pessoa que aprecia a alta gastronomia, degustando finas iguarias e bebidas raras e caras. Muito pouco a ver com nossos espaços de fazer churrasco e tomar cerveja. Mas o mercado exige “sofisticação”, ainda que muito pouca gente tenha paciência para ser sofisticado.
Outros espaços também sofreram mudanças de nomenclatura na casa brasileira. A copa, uma área muito importante da família brasileira, era aquela área anexa à cozinha, geralmente com uma grande mesa firme e histórica, em volta da qual a família contava causos e segredos, saboreando coisas recém produzidas.
A despensa sumiu da casa. Apareceram os closets, unidos às suítes. A sala de TV, rebatizada de Home Theater, fundiu-se ao quarto de hóspedes. A sala de visitas, que nunca foi usada, foi abolida, uma vez que as visitas, geralmente, estavam na cozinha. E hoje, estão no Espaço Gourmet.
Independente da nomenclatura, o importante é que a casa reflita a alma do morador. Se você é Gourmet, aproveite. Se você não é Gourmet, evite espaços gourmets. Prefira a área de lazer, a sala de jogos, a área do churrasco. O nome é o de menos.
O que importa é contratar um arquiteto que fale sua língua, que entenda seus sonhos e que, junto com você os realize.
© 1990 - 2023 Jornal Negocião - Seu melhor conteúdo. Todos os direitos reservados.