domingo, 06 de julho de 2025

A triste realidade dos moradores em situação de rua que vivem ‘na Praça’

Publicado em 25 jan 2020 - 15:24:10

           

A Praça Mello Peixoto, no centro da cidade, tem hoje, um espaço dividido também com diversos “habitantes” que residem no local

 

Marcília Estefani

 

A Praça Mello Peixoto, um dos pontos turísticos e de maior circulação de pessoas no centro de Ourinhos. Além de uma bela paisagem, apresenta também imagens do cotidiano ourinhense.

Senhores aposentados se reúnem para um bom papo, crianças que se refrescam na fonte e pequenos comerciantes vendem sua arte. Todos dividem o espaço também com os moradores em situação de rua, que segundo eles, moram no local.

 

DENÚNCIA – Populares que entraram em contato com nossa reportagem, questionaram na última semana, ações da municipalidade para deslocar estas pessoas para outros locais e oferecer a elas mais dignidade, trabalho e melhores cuidados. Segundo as reclamações, vem aumentando dia a dia a quantidade de moradores na praça, que vivem abordando os transeuntes para pedir dinheiro.

Estivemos no local para conhecer um pouco da realidade dos moradores de rua. Sr. Emanuel e o Sr. João Moraes já estão pelas ruas há um bom tempo.

 

HISTÓRIAS DE VIDA – Emanuel contou que já trabalhou em uma usina, mas depois que perdeu os pais, acabou na rua e hoje faz da praça a sua casa. Nos dias de chuva se abriga nas coberturas dos comércios, mas no geral, mora por ali mesmo.

Ele é atendido pelo CAPS – Centro de atenção psicossocial e afirma que já passou também pelo Centro Pop, mas que no momento lá não tem vagas para mais moradores.

João disse que também já trabalhou com carteira assinada, mas por conta de uma confusão, acabou preso por algum tempo e depois disso ficou difícil arrumar trabalho. Ele tem família, mas acha que não dá certo ficar na casa de parentes sem poder ajudar com seu trabalho. Por isso, optou por ficar pelas ruas. “Eu conheço o Centro Pop sim, não é ruim lá, mas quem já ficou preso não quer ficar preso de novo, então é melhor ficar aqui na praça, onde posso ver todo mundo”.

Ambos afirmam que não roubam, apenas pedem e esperam das pessoas aquilo que cada uma pode oferecer. Eles explicam que os frequentadores do local não os maltratam e que os funcionários públicos que trabalham nos sanitários da praça têm muito respeito por eles.

 

SERVIÇO SOCIAL – A Psicóloga Amanda Carreira, que atende no Centro Pop de Ourinhos, explicou que a assistência social oferece três tipos de serviços. O Centro Pop, que funciona de portões abertos das 8h00 às 18h00, onde uma equipe presta auxílio para regularização de documentos pessoais, além de banhos e demais cuidados com a higiene e refeições.

Existe o serviço de acolhimento, realizado pelo NAIA – Núcleo de Atendimento à Infância e Adolescência, onde é oferecido pernoite e jantar, atendimento psicológico, acompanhamento, que dá oportunidade a essas pessoas para saírem das ruas.

E a abordagem social, que utiliza uma Kombi com uma equipe que trabalha diretamente em contato com o pessoal da praça que não quer vir para o Centro Pop. “Eles são bem resistentes por diversos motivos, uns não gostam de ficar presos, não se dão bem com as outras pessoas que frequentam o local. Respeitamos a decisão deles, não dá para obrigar, tem que vir do desejo deles para funcionar. Aqui tem regras, não pode beber, não pode brigar, existe horário para abrir e fechar os portões, e eles não aceitam as regras”.

 

PROBLEMA SOCIAL – Ainda segundo a profissional, a população em situação de rua em Ourinhos aumentou e esta demanda vem num momento em que o quadro de funcionários diminuiu, o que dificulta o trabalho. “Este é um problema social presente não só em nossa cidade, que tem aumentado também em muitos outros lugares e piorado nos últimos tempos”, afirmou a profissional.

O acolhimento dispõe de 46 vagas fixas de longa permanência e quatro separadas para viajantes que passam pelo trecho, precisam de pernoite e tirar documentação. Quem está acolhido deve ajudar na limpeza do prédio, na organização da casa, e tem algumas atividades de lazer como cinema, esporte em parceria com o CAPS AD – Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas.

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Durante o dia estes atendidos pelo setor de acolhimento dividem o espaço com cerca de 25 moradores em situação de rua que são atendidos pelo Centro Pop, entre às 8h00 e 18h00, mas que sempre voltam para as ruas, sendo que 11 deles, moram hoje na Praça Mello Peixoto.

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