domingo, 06 de julho de 2025
Publicado em 19 jun 2021 - 13:47:57
Diretor do NEGOCIÃO mostra momentos vividos com um dos maiores talentos que nossa cidade perdeu também para a Covid: “ele sempre me chamou de “bonitão” e eu retribuía o elogio”
Hernani Corrêa
O que falar de uma pessoa que cresceu comigo ali na Vila Boa Esperança, jogamos bola juntos e o destino, anos depois, nos aproximou novamente em diversas oportunidades?
Um profissional ímpar, de um brilho nos olhos que irradiava luz por onde passava. Super criativo e inteligente, que adotava um ritmo de trabalho que muitos não conseguiram acompanhá-lo. Eu fui um deles.
Ele sempre vinha com ideias mirabolantes, dava inúmeras sugestões de pauta, mas nem sempre conseguíamos acompanhar. Fernando era ‘elétrico’.
INFÂNCIA – Morei durante cinco anos na Rua Machado Florence, atrás da antiga Neva, onde hoje está se instalando o Grupo Mufato. Cavezale morava próximo, creio que na rua do Postão, e chegamos a jogar ‘rachas’ na rua por diversas vezes. Ele sempre com aquelas pernas grandes, desengonçadas. Não era um exímio jogador e eu, pior ainda.
REENCONTRO ANOS DEPOIS – Cerca de 20 anos depois nossos destinos foram traçados e nos reencontramos novamente. Desta vez, na área da Comunicação. Sempre admirei seus trabalhos, um espírito de liderança incrível, era um ‘rolo compressor’ por onde passava. Ai de quem ficava pensando, pensando, ele agia e executava.
FIM DA MINHA “MÃOZINHA” – Há aproximadamente quatro anos, contratamos seus serviços para lançar o JORNAL NEGOCIÃO no facebook e na internet de uma vez. Precisávamos de um ‘gás’ a mais, um ‘up”.
Ele se propôs, inclusive, a criar uma nova logomarca, pois dizia que para a internet, teria que ser algo mais leve. A nossa logo anterior, até ali por 27 anos, era acompanhada de duas mãozinhas significavam ‘negócio fechado’.
Eu tinha muito orgulho de ter idealizado e nunca deixei outros profissionais mexer nelas. Para mim, seria a mesma coisa que me cortar um dedo.
Depois de alguns dias, ele apresentou o “N” como logo, sem minhas mãozinhas. Eu estranhei, briguei, ele voltou pra trás e retornou alguns dias depois, novamente, sem ‘minhas mãozinhas’.
Hernani, você construiu uma linda história com suas mãozinhas, fica prá você. Para a internet, precisamos de algo mais simples, direto e se você perceber o “N” são dois braços, fica ainda mais forte que as ‘duas mãozinhas’, disse ele.
E me convenceu, tanto que hoje me orgulho novamente e nossos leitores também abraçaram a ideia.
NÃO ACREDITAVA NO JORNAL – Quando lançamos o Facebook com a nova logo, ele escreveu um texto, ‘confessando’ que não acreditava no NEGOCIÃO quando lançamos ele. “Sempre desdenhei de um certo jornaleiro há muitos anos atrás quando ele lançou um jornal de classificados”.
E nesse texto, ele demonstrou o quanto acreditava agora, depois de relutar no início. Tanto que nos ajudou demais nessa transição do impresso para o digital.
Se o JORNAL NEGOCIÃO está de pé, não sofreu perdas quando deixou de ser impresso e tem essa força hoje em suas quatro plataformas digitais na internet, grande parte da responsabilidade devemos a Fernando Cavezale e sua equipe.
SAUDADES DE SEUS PITACOS – Vamos ter saudades de nossas trocas de ideias, dos ‘helps’ que ele sempre dava nas matérias mais delicadas, segundo relatou Marcília, minha esposa e nossa chefe de redação.
Mas o destino escreveu de forma diferente, tirou cedo esse incrível talento de cena. Como outros que vêm perdendo a vida para esse vírus infame.
A nós, amigos, familiares e admiradores, resta-nos lamentar e continuar acreditando que Deus fez o melhor. Muito difícil de aceitar, mas que tenhamos discernimento para isso.
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