sexta, 29 de março de 2024

Série recém lançada tem atingido o público infantil mas é imprópria para crianças

O tema foi altamente discutido durante a semana, após vídeo postado pelo professor e vice-prefeito Lucas Suzuki

 

 

Marcília Estefani

 

 

Professor Lucas Shoiti Suzuki, vice-prefeito de Ourinhos, fez um alerta muito importante aos pais e responsáveis de crianças e adolescentes, sobre uma série veiculada por plataformas de streaming e aplicativos nas redes sociais, que não é apropriada para crianças e adolescentes.

A série, ROUND 6 ou Squid Game, recém lançada, faz muito sucesso no mundo todo, pode se tornar a mais vista da história da Netflix e se tornou um sucesso devido a combinação de memórias de infância, violência, sociedade e personagens com os quais o público pode se conectar, todos estes ingredientes envolvidos com jogos mortais. A classificação etária da série é de 16 anos.

Na trama, brincadeiras simples como ‘Batatinha frita 1,2,3’, ‘Cabo de guerra’, ‘Bolas de gude’ e outras, são utilizadas em competições e quem perde acaba assassinado a sangue frio. “O que nos causa preocupação é a facilidade com que as crianças acessam esse material, que tem classificação etária de 16 anos”, diz Lucas.

 

Lucas Suzuki é professor e atual vice-prefeito de Ourinhos

 

De acordo com adultos que já assistiram a programação, a série traz uma mensagem forte no final. Para alguns, fica claro que a ‘moral da história’ é de que o ser humano é capaz de tudo por dinheiro. Outros ainda concluem que nada é mais importante que a vida, nem mesmo o dinheiro.

“Porém é necessário levar em conta que adultos têm um entendimento diferente de crianças”, afirmou Diego de Oliveira, cabeleireiro em Ourinhos, que tem dois filhos, de 8 e 6 anos, e que tomou conhecimento da série pelo filho mais velho.

 

Diego de Oliveira conta que foi o filho de 8 anos que lhe falou sobre a série

 

“Eu gosto muito de assistir séries, tinha ouvido falar deste lançamento, mas ainda não tinha parado pra ver, mas o meu filho já estava sabendo de todo o conteúdo e veio me contar, então tivemos que conversar sobre o assunto”.

Em sua postagem, o professor e gestor público, Lucas Suzuki, ressalta a importância de se ficar alerta às classificações etárias que programas, filmes e séries como essa apresentam. “Não quero aqui falar mal da série, nem da Netflix, mas fazer um alerta para que seja tomado um cuidado especial com relação a classificação etária dos programas que são exibidos e assistidos pelas crianças (…) temos presenciado nas escolas que as crianças têm acesso a estes conteúdos que são impróprios para a idade”.

Suzuki diz ainda, que é necessário que os pais estejam acompanhando não só na tv, mas também em app de celulares, o que as crianças assistem. 

Ana Paula Rodrigues, ourinhense, que hoje reside em Curitiba, conta que assistiu a série para conhecimento do conteúdo e para poder orientar o filho de 11 anos.

 

Ana Paula afirma que conversou sobre o assunto com o filho de 11 anos

 

“Eu fui assistir devido á todos esses comentários e não gostei nenhum pouco, muita violência, cenas muito fortes, eu não achei nada de bom, pelo contrário, só vi coisas erradas, onde o ser humano é capaz de tudo por dinheiro… Conversei muito com o meu filho porque ele queria assistir. Eu não o proibi, mas mostrei a ele que o que eles fazem e buscam na série não é o mais importante… Conversamos bastante e como ele não gosta de violência não quis mais ver”.

Como educador, o jornalista Alexandre Mansinho afirma que a série é muito boa, mas não é própria para o público infantil.

 

Jornalista e educador Alexandre Mansinho

 

“Embora seja uma boa série, criativa, bem filmada, com um bom roteiro, pelo fato de conter cenas muito fortes de execução, suicídio e tortura psicológica, não é recomendado que pessoas que tenham receio desse tipo de conteúdo assistam, tão pouco crianças que não tenham maturidade para entender que apesar de parecer real, se trata de ficção, de uma obra audiovisual”.

 

Round 6’ tem efeitos especiais surpreendentes — Foto: Netflix via BBC

 

 

A psicopedagoga Rebeca Alves de Melo, gestora do Colégio Bagozzi em Ourinhos, em primeira mão, concordou com a abordagem do professor Lucas Suzuki. Concordo plenamente com a posição do vice-prefeito, pois a série em questão aborda conteúdos extremamente violentos, o que não traz nenhum acréscimo positivo na vida das nossas crianças e adolescentes. Por isso, é importante que as famílias e também as escolas estejam atentas e mantendo um diálogo firme com intuito de preservá-los de todas essas experiências e forças negativas que a série transmite”.

 

Rebeca Alves concordou com a postura do vice-prefeito e considera que a série não tem nada a acrescentar aos pequenos

 

Rebeca observa ainda que em muitas situações, eles [crianças/adolescentes] ficam sabendo antes mesmo dos pais, por estarem por mais tempo conectados a estes dispositivos. Por isto é necessário muito diálogo na família, para que os pais ouçam dos filhos suas novidades e possam orientá-los devidamente.

A SÉRIEO conteúdo é sobre um grupo de milionários que juntam pessoas comuns e às convencem a participar de provas tipo “gincanas”. Em comum todas essas pessoas tem dívidas impagáveis com bancos, agiotas e parentes. Elas aceitam participar, mas descobrem que aqueles que perdem nas gincanas são mortos à sangue frio, com tiro na cabeça. Mas, mesmo assim, a ganância ou a vontade de resolver seus problemas financeiros os levam a continuar na gincana. Enquanto isso, milionários pagam para apostar nos participantes como se fossem cavalos de corrida e assistem a tudo pelas câmeras, como um Big Brother.

 

Muitos dos personagens são perfis com os quais o público pode se conectar. Foto: Netflix via BBC

 

Especialistas atribuem o sucesso da série aos seus personagens, que retratam variados setores da sociedade. O personagem principal, por exemplo, é um desempregado viciado em apostas, que luta para conseguir o respeito da família. Durante o jogo ele conhece um desertor da Coreia do Norte com um passado bastante trágico e um imigrante paquistanês maltratado pelos chefes.

Kim Pyeong-gang, professor de conteúdo de cultura global na Universidade Sangmyung, disse à BBC: “As pessoas, principalmente a geração mais jovem, que normalmente sofre de alienação e ressentimento na vida real, parecem ter empatia pelos personagens”.

Esta matéria não tem a intenção de denegrir a série, nem mesmo o canal que a transmite, e sim, lertar pais e responsáveis para ficarem atentos ao conteúdo visto pelas crianças.

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