terça, 19 de março de 2024

Vulcão nas Ilhas Canárias poderia provocar tsunami no Brasil

Um estudo do pesquisador norte-americano George Pararas-Carayannis, presidente da Tsunami Society International, afirmou que esse tipo de colapso é “extremamente raro e nunca ocorreu na história registrada”

 

Da redação

 

Nós, brasileiros, aprendemos que fenômenos naturais como terremotos e vulcões não são motivo de preocupação. Mas esta semana trouxe uma notícia diferente. A atividade de um vulcão próximo à África teria capacidade de provocar efeitos na costa brasileira. O vulcão Cumbre Vieja, em La Palma – ilha que compõe o conjunto das Ilhas Canárias espanholas – têm o potencial de provocar um tsunami na costa brasileira.

 

Vulcão entrou em erupção no domingo, 19/9 (Divulgação: Reuters)

 

O vulcão vinha aumentando sua atividade sísmica ao longo dos últimos dias e entrou em erupção neste domingo (19). Fontes de lava e nuvens de fumaça foram registradas no local. As Ilhas Canárias ficam localizadas a noroeste da África, próximas à costa do Marrocos e do Saara Ocidental.

 

Chances remotas

Para as atividades vulcânicas do Cumbre Vieja causarem impacto na costa brasileira seria necessário um grande colapso do vulcão. Se isso ocorresse, atingiria toda a costa brasileira, de norte a sul, bem como de outros países banhados pelo Oceano Atlântico.

Essa possibilidade, no entanto, é considerada remota por especialistas. Um estudo do pesquisador norte-americano George Pararas-Carayannis, presidente da Tsunami Society International, afirmou que esse tipo de colapso é “extremamente raro e nunca ocorreu na história registrada”. Além disso, ele afirmou que estudos recentes prevendo a geração de tsunamis a partir da erupção do Cumbre Vieja foram baseados em suposições incorretas.

 

Lava passa perto de casa na ilha de Las Palmas, no arquipélago das Canárias, nesta segunda-feira, 20/9 — Foto: Borja Suarez/Reuters

 

Pararas-Carayannis acrescentou em seu estudo que uma “atenção e publicidade inapropriadas da mídia a tais resultados probabilísticos têm criado uma ansiedade desnecessária de que megatsunamis poderiam ser iminentes e devastar populações costeiras em localidades distantes da origem – nos oceanos Atlântico e Pacífico”.

Já o geólogo Mauro Gustavo Reese Filho, da Universidade Federal do Paraná, afirma em estudo que, ainda que as chances sejam remotas, a população costeira do Brasil deveria ser conscientizada. “Estudos mais recentes dizem que as chances de ocorrência são remotas e longínquas, no entanto, o estabelecimento de sistemas de alarme que possibilitam a evacuação de áreas é justificável quando se trata de vidas humanas”, afirmou Reese em seu trabalho, também citado pela Metsul Meteorologia.

O pesquisador brasileiro apontou a falta de cuidados preventivos na costa brasileira. Ele parte do princípio de que uma mera possibilidade de desastre já indica a necessidade de ações preliminares. “A possibilidade de ocorrência deste evento por si só deveria ser razão para a prevenção de todos os tipos de danos na costa brasileira, porém até o momento nada foi feito. A falta de informação é a principal causadora deste problema, pois inclusive no meio geológico muitas pessoas não sabem sobre tal fato”.

 

Vulcões

Um vulcão é uma estrutura geológica, em terra firme ou em alto-mar. Eles se formam a partir do choque de duas placas tectônicas, massas rochosas rígidas que formam a crosta terrestre e que deslizam sobre o manto – material subjacente de consistência plástica. Quando essas placas se chocam, uma mergulha sobre a outra, elas se fundem parcialmente e as rochas esquentam a mais de 1000 graus Celsius. Há o aumento de pressão e a crosta terrestre derretida sobe à superfície, formando vulcões e ilhas.

 

Imagens noturnas mostram lava saindo de vulcão na Espanha

 

Os vulcões típicos têm formato cônico e montanhoso, mas de proporções variáveis. Essa estrutura cônica, como uma chaminé, comunica uma câmara subterrânea profunda com a superfície. Nessa câmara fica armazenado o magma, uma massa de rocha fundida de alta temperatura, constituída em grande parte de silicatos (tipos de minerais), misturados com vapor de água e gás.

A erupção começa com uma instabilidade no solo, acompanhada por tremores de terra. Formam-se fendas na região instável e consequente saída explosiva de gases, ejeção de água subterrânea e terra. A seguir, verifica-se a abertura e limpeza da chaminé e a expulsão de cinzas, blocos e bombas vulcânicas. Finalmente ocorre o derramamento de lava, que nada mais é do que o magma expelido à superfície e ainda em estado líquido.

Segundo o portal G1, a erupção do vulcão do parque Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, Espanha – a primeira erupção em 50 anos -, forçou a retirada de cerca de 5.000 pessoas (entre elas, cerca de 500 turistas), disseram nesta segunda-feira (20) os responsáveis pela operação. A expectativa é que não seja necessário retirar mais gente. Não há registro de nenhuma morte.

 

 

O vulcão continuava ativo nesta segunda-feira. Na ilha, há uma fumaça densa que sai do vulcão, e as casas estão em chamas. Até esta manhã foram destruídas cerca de 100 casas, disse Mariano Hernandez, presidente do conselho de La Palma.

A vila de El Paso foi uma das atingidas pela lava. Cerca de 20 casas nesse local foram tomadas pela lava, que também invadiu a estrada e ameaça outras vilas.

O vulcanologista Nemesio Perez disse que, a não ser que alguém se comporte de forma inapropriada, não deve haver nenhuma morte.

Stavros Meletlidis, doutor em vulcanologia do Instituto Geográfico Espanhol, disse que a erupção abriu cinco fissuras na encosta e que não tinha certeza de quanto tempo ela pode durar. “Temos que medir a lava todos os dias e isso nos ajudará a descobrir”, afirmou.

Em 1971, quando houve uma outra erupção na ilha, um homem morreu ao tentar tirar fotografias de perto.vídeo

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, adiou sua viagem a Nova York prevista para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e se deslocou para La Palma. Está lá desde a noite para acompanhar a evolução das operações.

 

(Conteúdo Agência Brasil, com informações da Reuters/G1).

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