sábado, 05 de julho de 2025

FEMM 50 anos: Nildo Ferrari e Roque Quagliato assumem a FEMM em 1990 e abraçam com amor a causa da Educação

Publicado em 07 dez 2020 - 16:47:50

           

Nildo e Roque reestruturaram o Colégio Santo Antônio, adquiriram o tradicional prédio da Congregação e construíram um dos mais modernos Campus Universitário do interior do Estado de São Paulo

 

Rose Pimentel Mader

 

Em 1990, dois empresários da área industrial Nildo Ferrari (falecido) e Roque Quagliato, na época, respectivamente diretores-presidentes da Caninha Oncinha e Usina São Luiz, assumiram o desafio de dirigir a Fundação Educacional Miguel Mofarrej (FEMM). Juntos, sempre em sintonia com os propósitos abraçados, e conscientes da responsabilidade que lhes cabia, Nildo e Roque dedicaram-se com entusiasmo à consolidação da FEMM, superando todas as dificuldades, especialmente econômicas, para oferecer a Ourinhos e região um ensino de excelência da Educação Infantil ao Ensino Superior.

Nildo e Roque reestruturaram o Colégio Santo Antônio, adquiriram o tradicional prédio da Congregação e construíram um dos mais modernos Campus Universitário do interior do Estado de São Paulo. Trouxeram inovações e avançados recursos tecnológicos para as duas instituições, implantaram modernos sistemas de ensino e conquistaram dezenas de cursos superiores para a instituição.

A dimensão do legado desses dois empreendedores que sempre contaram com o apoio e a confiança do Conselho de Mantenedores, é extraordinária, podendo ser avaliada pela formação de várias gerações de jovens que estudaram nas duas instituições e tiveram as melhores oportunidades para conquistar suas profissões e se transformarem em bem sucedidos cidadãos e profissionais, dos quais a FEMM se orgulha.

Nesta edição trazemos, na íntegra, alguns dos principais trechos do depoimento de Nildo Ferrari, publicado no Livro da FEMM 40 anos e na próxima semana publicaremos o depoimento de Roque Quagliato, presidente da FEMM que divide a responsabilidade de dirigir a instituição com a filha, a empresária Beatriz Quagliato Porto.

A seguir, na íntegra, alguns dos principais trechos do depoimento de Nildo Ferrari, registrado no livro FEMM 40 anos.

 

Nildo Ferrari: “É gratificante trabalhar para a Educação. A FEMM é um patrimônio da comunidade”

O industrial Nildo Ferrari faleceu em outubro de 2016, aos 72 anos, deixando uma imensa lacuna não apenas para a tradicional família Ferrari mas, também, no seio da comunidade ourinhense. Seu espírito arrojado, dinâmico e empreendedor foi imortalizado nas grandes obras que deixou nas áreas social, empresarial e educacional.

Em 1989, uma comissão presidida por Roque Quagliato, incentivou-o a aceitar um grande desafio: presidir a Fundação Educacional Miguel Mofarrej (FEMM).

Estruturou o Colégio Santo Antônio e as Faculdades Integradas de Ourinhos, tudo isso com muita dificuldade, já que estes contavam com baixo número de discentes, com baixa qualidade de ensino e com a estrutura física das instalações deteriorada. Para tanto, sem recursos nem ajuda financeira, mas com carinho e dedicação, e com Roque Quagliato, então vice-presidente, sempre ao seu lado, conseguiram, com o apoio dos próprios mantenedores e de todo o quadro de funcionários e professores, conquistar novos degraus a cada ano que passava.

Modernizou o Conservatório Santa Cecília com a formação da Orquestra Mofarrej Big Band, no intuito de realizar um projeto na área social que envolvesse pessoas da comunidade e que, ao mesmo tempo, promovesse a cultura. Teve grande orgulho por ter apoiado esse projeto, quando viu seu trabalho concretizado através do lançamento do primeiro CD da Orquestra.

Objetivo maior da Fundação e, também, sua maior realização, foi a construção de seu primeiro Campus Universitário, cujo autor do projeto foi o arquiteto Fábio Tadeu Simões Pinto, grande amigo e colaborador das causas da Fundação Miguel Mofarrej.

 

Industrial Nildo Ferrari presidiu a FEMM durante 15 anos depois passou a ser vice-presidente cargo que ocupou até falecer em outubro de 2016

 

Em 2000, momento histórico, Nildo e Roque decidiram construir o desejado e sonhado Campus Universitário. Em 19 de novembro de 2002, ocorreu sua inauguração, uma das principais conquistas de Ourinhos nas últimas décadas. Toda essa vasta região, composta de um grande número de cidades, foi beneficiada com a construção desse núcleo educacional.

Em 2004, após cinco mandatos consecutivos, Nildo Ferrari deixou de ocupar o cargo de presidente da FEMM e passou a vice-presidente, ao lado do incansável Roque Quagliato, desde então presidente da instituição.

Trabalhando juntos, sempre motivados e entusiasmados pela causa da educação, transformaram a FEMM numa instituição sólida e próspera, referência nacional, cuja qualidade de ensino é hoje reconhecida pelo MEC e por todos os demais órgãos competentes que avaliam o ensino.

“Na época em que houve a mobilização para traçar novos rumos para a Fundação Educacional Miguel Mofarrej, Roque Quagliato liderou a iniciativa. Entre várias pessoas, eu fui indicado para encabeçar uma chapa visando concorrer à presidência da instituição. De imediato, não aceitei, porque achei que não caberia a mim, sem experiência e talvez sem vocação, dirigir uma instituição de ensino. Porém, acabaram convencendo-me de que deveria aceitar para fazer alguma coisa pela comunidade. Conversei com o Roque, dizendo-lhe que aceitaria desde que me acompanhasse e estivesse sempre do meu lado, e ele se comprometeu a trabalhar comigo”.

“Tivemos a colaboração da comunidade. Apresentamos uma chapa de oposição que acabou sendo única porque o apoio foi tão grande que nem a situação teve motivo para montar uma chapa. O pleito foi tranquilo e os mantenedores nos apoiaram profundamente”.

“Foi um início difícil. Não havia nem o segundo grau no Colégio Santo Antônio, o ensino estava precário. Nas FIO a situação era semelhante; não conseguiam sair de dois ou três cursos porque não tinham a estrutura física necessária para ampliar a faculdade. Os alunos pagavam pouco e os professores ganhavam mal. Para melhorar os salários dos professores, teríamos que aumentar as mensalidades, uma coisa puxava a outra. Tivemos a compreensão dos alunos, professores e também dos pais. Eles depositaram confiança em nosso trabalho, o que permitiu fazermos as mudanças necessárias. A prioridade, desde então, foi melhorar a qualidade do ensino. Como eu e o Roque tínhamos pouca experiência na área educacional, decidimos ir para São Paulo e entrar em contato com o Sistema Objetivo. Achamos que seria interessante trazê-lo para Ourinhos porque era completo e poderia ajudar o Colégio. O processo de implantação do Sistema Objetivo demorou mais ou menos oito anos. Foi um período de muito trabalho, envolvendo a direção, os professores, alunos e funcionários, mas o êxito foi total. Fomos melhorando a qualidade do ensino, buscando professores mais capacitados, o que justificou o aumento das mensalidades, e o Colégio foi se despontando como um dos melhores da região. Também dedicamos nossos esforços para as FIO. Inicialmente, não tínhamos como solicitar mais cursos porque as instalações físicas não permitiam. Empenhamo-nos em fazer um bom caixa através do Colégio e assim compramos, com recursos próprios da FEMM, a área para o início da construção do Campus Universitário. As FIO ganharam então um novo espaço e o sonho começou a ser concretizado”.

“Depois de 15 anos como presidente, o Roque assumiu a direção da FEMM. Eu estava pensando em me retirar, mas ele não permitiu, pedindo que eu continuasse, o que me levou a ficar como vice”.

“Ao longo de 20 anos de gestão, nunca tivemos problemas um com o outro, respeitamo-nos, levamos tudo a sério, o que colaborou para o crescimento da FEMM. Procuramos sempre acertar; todas as decisões foram muito discutidas e compartilhadas em nome de uma boa administração”.

“As dificuldades encontradas ao longo dos anos, naturais em qualquer instituição ou empresa, nunca nos desanimaram. Não tínhamos a pretensão de ser uma unanimidade; logicamente, encontramos pelo caminho aqueles que são contrários, mas isso nunca nos afetou. Respondemos a tudo sempre com muito trabalho e dedicação e seguimos em frente, acreditando que estamos fazendo o melhor para a FEMM e para a cidade. Podemos dizer, com satisfação, que nossos esforços vingaram, pois os resultados comprovam que nossas decisões foram acertadas.”

O maior desafio – “Buscar a qualidade de ensino sempre foi a prioridade de nossa administração. No Colégio, conseguimos êxito através da implantação do Sistema Objetivo; nas FIO, inicialmente, não sabíamos como fazer, pensamos até em buscar alguma franquia, mas nos orientaram que isso não seria possível. Fomos devagar, melhorando com nossos próprios esforços. Contratamos professores doutores, mestres e especialistas nas mais diversas áreas para integrar o corpo docente de todos os cursos; criamos as coordenações e, com melhores educadores e bons dirigentes, viabilizamos mudanças e aperfeiçoamento pedagógico”.

“A construção do campus permitiu trazer novas tecnologias para o desenvolvimento dos cursos e para a formação dos alunos, como laboratórios e uma vasta e completa biblioteca que contempla todas as áreas atendidas pelos cursos.”

“Quem sabe se no futuro as FIO se transformem numa Universidade e se projetem nacionalmente pela excelência de ensino. Um dos fatores primordiais para que as FIO e o Colégio continuem crescendo são os investimentos na qualidade do ensino”.

A motivação para dirigir a FEMM – “Quando assumimos a presidência da FEMM, foi, inicialmente, como uma obrigação, por sermos ourinhenses e precisarmos colaborar com a cidade, mas com o tempo fomos adquirindo amor pela causa da Educação”.

“Foi com muita luta e dedicação nossa, dos diretores, professores e funcionários, através de uma administração responsável e séria que permitiu fazer investimentos, tanto no prédio do Colégio como no campus, e aprimoramento da área pedagógica. Também tivemos o apoio da sociedade e a credibilidade de nossos alunos, dos pais que confiaram e acreditaram que era possível construir uma instituição moderna, próspera, capaz de proporcionar às crianças e aos jovens uma formação de qualidade, respeitando as diferenças e valorizando o potencial de cada um”.

“O êxito de nossa gestão deve-se, em grande parte, à influência de Roque Quagliato na comunidade, nos mais diversos setores, e aos seus contatos que sempre abriram portas, permitindo-nos buscar melhorias para a FEMM”.

Lição – “É gratificante trabalhar para a educação. Sentimos uma grande satisfação em constatar que a FEMM é um patrimônio da comunidade, resultado do trabalho pioneiro de seus fundadores, entre os quais o professor Carlos Nicolosi, e de todos os parceiros que nos apoiaram”.

“Devemos muito também à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, que construiu e implantou o Colégio Santo Antônio, confiando-nos sua manutenção e aprimoramento.  Tivemos apoio das Irmãs, até na compra do prédio, viabilizando um valor acessível. Fica aqui a nossa gratidão à Congregação, às Irmãs e aos fundadores”.

“A FEMM tornou-se para mim e para o Roque um sonho comum que abraçamos com amor, pensando sempre que a sua concretização representaria também a realização dos sonhos da juventude de Ourinhos e região”.

“Temos plena convicção de que a Educação mudou o destino de muitos jovens, transformou o presente de expectativas num futuro de possibilidades. O sucesso dos profissionais formados pelas FIO e o êxito de nossos jovens nos vestibulares são a maior conquista que podemos comemorar.”

Conservatório Musical Santa Cecília – “Também nos preocupávamos em manter e melhorar o Conservatório Musical Santa Cecília, assim como meu irmão e minha mãe, fui aluno deste durante três anos. Era uma escola bem conceituada, sob a direção da Irmã Reginalda e, posteriormente, da Irmã Loiola, e tornou-se importante em nossa região, antes da inauguração do Centro Cultural de Ourinhos. Quando assumimos, organizamos uma nova fanfarra, uma banda marcial e acabamos fazendo um big band que gravou inclusive CD com Mário Nelli. Tivemos bons diretores e professores e desejávamos prosseguir com o Conservatório, mas, como mantínhamos a escola com mais de 50% de bolsas de estudos, a situação ficou difícil. Era preciso conseguir recursos para mantê-lo. Com a abertura do Centro Cultural, oferecendo cursos gratuitos, caiu muito o número de alunos do Conservatório, o que inviabilizou o seu funcionamento”.

  • Neste depoimento que publicamos parcialmente, Nildo expressou o sonho que acalentava de ver as FIO se transformar em Universidade. Não viveu para ver este sonho realizado, mas a criação do Centro Universitário UNIFIO é parte de seu inegável legado.

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