quinta, 31 de julho de 2025
Publicado em 26 jul 2025 - 14:49:52
Especialistas em educação explicam como famílias podem apoiar emocional e pedagogicamente crianças e adolescentes na retomada da rotina escolar
Da redação
O segundo semestre letivo está próximo de começar, e com ele vêm as dúvidas, expectativas e também os desafios da readaptação de alunos e famílias. Afinal, após semanas com horários flexíveis para dormir até mais tarde, uma rotina mais flexível e mais tempo livre, o retorno à escola exige um novo equilíbrio físico, emocional e cognitivo.
Para tornar essa transição mais tranquila, quatro educadores compartilham, a seguir, dicas para pais e responsáveis.
1 – REPROGRAME A ROTINA NA SEMANA QUE ANTECEDE A VOLTA ÀS AULAS – Aos poucos, antecipe os horários de dormir e acordar das crianças, e retome hábitos como tempo para leitura e períodos de estudo.
“Reintroduzir rotinas com antecedência reduz o impacto da transição. Isso dá segurança à criança, porque sinaliza previsibilidade e estrutura, elementos essenciais no processo de aprendizagem”, afirma o orientador educacional, Carlos Augusto Lima.
2 – CUIDADO COM O SONO E LIMITE O USO DE CELULARES À NOITE – Sono de qualidade é fator-chave para o desempenho escolar. Reduzir o uso de telas ao menos uma hora antes de dormir melhora a produção de melatonina e favorece o descanso.
“O excesso de estímulos luminosos e informacionais afeta a consolidação da memória e o humor. Crianças descansadas aprendem melhor e se adaptam mais rápido à rotina escolar”, diz Lima.
Quando não dormimos o suficiente, nosso cérebro não tem tempo para processar e armazenar todas as informações que aprendemos. A falta de sono afeta nossa capacidade de concentração e atenção.
Por isso, ao dormir, deixe o celular fora do espaço no qual o jovem dorme.
3 – PLANEJE A ALIMENTAÇÃO – Retomar o padrão alimentar escolar com lanches saudáveis e horários bem definidos ajuda a manter a energia e a concentração durante o dia.
“Uma nutrição equilibrada é parte da experiência pedagógica. O corpo precisa de combustível de qualidade para sustentar os processos cognitivos e emocionais do aluno”, pontua o orientador educacional.
4 – ENVOLVA O ESTUDANTE NOS PREPARATIVOS – Deixar a criança ajudar a organizar a mochila ou escolher o novo caderno aumenta o vínculo com a escola.
“Participar da organização dos materiais estimula a autonomia e fortalece o senso de pertencimento. A criança se sente parte ativa da própria jornada escolar”, aponta a diretora de escola, Fatima Lopes.
5 – DIALOGUE COM O ESTUDANTE SOBRE MEDOS E ANSIEDADES – Converse abertamente sobre como o estudante está se sentindo. Às vezes, o desconforto vem de inseguranças que podem ser suavizadas com empatia.
“Ouvir, sem julgar, é um gesto educativo. Quando o adulto valida os sentimentos da criança, ela se sente respeitada e mais preparada para enfrentar os desafios da volta às aulas”, diz Fatima.
6 – REENCONTRAR OS AMIGOS ANTES DO RETORNO AJUDA NA ADAPTAÇÃO – Se possível, marque um encontro com colegas antes do primeiro dia. A volta se torna mais leve com vínculos reativados.
“O pertencimento ao grupo é um dos maiores motivadores da ida à escola. A antecipação positiva, por meio do reencontro com amigos, traz acolhimento emocional”, afirma a diretora.
7 – PARA QUEM ESTÁ MUDANDO DE ESCOLA, VISITE O NOVO ESPAÇO ANTES DO INÍCIO DAS AULAS – Familiarizar-se com o ambiente reduz o estranhamento e a ansiedade. Uma caminhada pela escola, conhecer o pátio ou a sala de aula pode fazer diferença.
“A ambientação visual e espacial contribui para que a criança se sinta segura. Ela começa a criar imagens mentais que se tornam âncoras de conforto nos primeiros dias”, explica o diretor, Carlos Maffia Neto.
8 – AJUDE A CRIANÇA A ENCARAR A REALIDADE: SEM RECOMPENSAS OU COBRANÇAS – Evite prometer prêmios por bom comportamento ou impor metas rígidas. Isso pode gerar ansiedade ou desmotivação.
“A aprendizagem é um processo contínuo e deve ser valorizada por si só, não por recompensas externas. Pressão excessiva afasta o prazer de aprender”, acrescenta o diretor.
9 – LEMBRE-SE DE QUE CADA CRIANÇA É ÚNICA – Não compare seu filho com colegas, irmãos ou com a versão idealizada que você criou. Cada um tem seu tempo.
“Comparações inibem a autoestima e atrapalham a autorregulação emocional. Respeitar a singularidade é reconhecer o ritmo natural do desenvolvimento”, alerta o docente.
10 – A READAPTAÇÃO É UM PROCESSO – A readaptação leva tempo, e deve ser encarada com paciência e constância. Oscilações de humor, cansaço e até um pouco de resistência são esperadas.
“A readaptação é como ajustar um instrumento musical: exige afinação, escuta e regulagens finas. Com acolhimento e afeto, o processo acontece”, orienta a coordenadora pedagógica, Luísa Cassaniga.
11 – ACOMPANHE E TENHA ATENÇÃO AOS PRIMEIROS DIAS – Esteja mais presente na primeira semana. Ouvir relatos, perguntar sobre o dia e observar comportamentos é essencial.
“Os primeiros dias sinalizam como está a adaptação. Pequenos sinais, como mudanças de humor, podem indicar que algo precisa ser ajustado com apoio e diálogo”, orienta Luísa.
12 – CONFIE NA PARCERIA ESCOLA-FAMÍLIA – A comunicação aberta entre pais, responsáveis e escola é um dos pilares para o sucesso da readaptação.
“A confiança mútua favorece intervenções assertivas. Quando há acolhimento e escuta verdadeira das duas partes, o processo se torna mais leve e consistente”, finaliza a coordenadora.
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