O crime que chocou a região, envolve alguns mistérios e agora deixa a pergunta: Quem matou Stéphane?

Fernando Lima

Após 15 horas de julgamento nesta quinta-feira (06), o Júri da Comarca de Ourinhos, decidiu inocentar Luiz Antônio Vieira de Freitas, marido da vítima, até então acusado da morte e ocultação do cadáver de Stéphane Vieira de Freitas.

O crime, ocorrido em janeiro de 2022, começou a esclarecido quando crianças encontraram a ossada de Stéphane em um terreno baldio na Vila Brasil, em 27 de julho do mesmo ano.

O Ministério Público, denunciou Luiz Antônio por homicídio qualificado, com acusações de feminicídio, esquartejamento, ocultação de cadáver, violência doméstica, o que fez o caso tomar grandes proporções.

À época, Luiz Antônio se mudou para a cidade de Itapevi (SP), onde começou a trabalhar numa fábrica de chocolates, mas a investigação, seguiu de forma sigilosa até localizá-lo e prendê-lo em 22 de maio de 2023, em Itapevi. Durante o processo, a justiça decidiu levar o então réu a júri popular.

Luiz Antônio foi preso na cidade de Itapevi, em maio de 2023 – Foto: Reprodução

JULGAMENTO

Testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas, além dos advogados de Luiz e do Ministério Público no longo julgamento.

O depoimento da mãe de Stéphane, Dona Geralda, impactou aos presentes ao defender o réu. Ela afirmou que Luiz sempre foi uma boa pessoa, trabalhador, bom marido e bom pai para os filhos e enteados, que sua filha não foi correta com ele, ao ter um relacionamento extraconjugal, que desestabilizou a família, e que a filha abandonou o marido e os filhos para viver com outro homem.

A mãe ainda salientou que nunca concordou com a postura da filha, que queria se separar para, segundo ela, “aproveitar a vida”.

O júri concluiu, com base em provas e depoimentos apresentados, que Luiz Antônio é inocente do crime. As investigações devem ser reabertas para chegar ao real culpado.

ENTENDA O CASO QUE ENVOLVE TRAIÇÃO E AMEAÇAS

Luiz contou em depoimento, que vieram para Ourinhos, onde seu pai morava, depois de terem perdido o emprego num hospital, onde se conheceram e trabalhavam, na cidade de Itapevi.

Em Ourinhos ele trabalhava num supermercado e ela era funcionária de um conhecido babalorixá da cidade, Clodoaldo Antônio da Silva.

Stéphane foi morta e seu corpo ficou ocultado por 6 meses até ser descoberto em um terreno baldio. O principal suspeito foi inocentado e polícia deve retomar as investigações para descobrir o culpado – Foto: Reprodução

O marido relatou que a esposa teve um caso extraconjugal, em 2021, com José Eurípedes da Silva, de 46 anos, e deixou a casa e os filhos para morar com ele.

A relação da vítima com José Eurípedes era conturbada, segundo testemunhas, ele era agressivo e teria influenciado Stéphane negativamente. Após a vítima descobrir uma troca de mensagens de José Eurípedes com sua ex-mulher, ela decidiu deixá-lo.

Stéphane chegou a voltar a morar com Luiz que relatou que, depois disto, começou a receber ameaças de José Eurípedes (fato confirmado pela mãe da vítima), e que também foi atropelado de moto por ele. Dona Geralda confirmou que recebeu uma ligação de José Eurípedes que dizia que se sua filha não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém.

Stéphane desapareceu em 12 de janeiro de 2022, depois de decidir sair de Ourinhos por medo, deixando os filhos com a mãe e dizendo ter ido morar com uma amiga em Itapevi.

Luiz foi preso 10 meses depois de encontrarem da ossada de Stéphane, que levou algum tempo para ser identificada. Ele foi apontado como principal suspeito do crime.

À partir daí é que a história toma contornos de mistérios, pois os dois homens mais próximos de Stéphane, Clodoaldo, com quem trabalhava, e José Eurípedes, com quem viveu por um tempo, foram mortos um ano depois do assassinato dela e antes da prisão de Luiz.

As mortes de Clodoaldo e José Eurípedes

Clodoaldo Antônio da Silva, de 49 anos, babalorixá do templo de Candomblé Casa de Cultura Afro Brasileira Ilê Axê Arô Ifé, foi morto com dois tiros na noite de 17 de janeiro de 2023, na chácara onde funcionava o templo.

Babalorixá Clodoaldo Antônio da Silva foi morto com dois tiros em templo de Ourinhos  — Foto: Arquivo pessoal

José Eurípedes, de 48 anos, apontado como principal suspeito, foi encontrado morto, no mesmo dia, com uma marca de bala no peito, próximo ao Parque do Centenário nas imediações do Lago do Royal Park.

A principal linha da investigação aponta para que José Eurípedes tenha se matado, já que seu corpo foi encontrado, ao lado de uma arma, por um casal que chamou a polícia. No local não havia nenhum sinal de briga ou violência, o que corroboraria a versão de suicídio.

Testemunhas do caso foram ouvidas e disseram que antes dos disparos terem sido feitos no templo, ouviram uma discussão entre os dois envolvidos, e o companheiro do babalorixá disse, em depoimento, que José Eurípedes culpava Clodoaldo pelo fim de seu relacionamento com uma “filha de santo”.

Os locais dos crimes foram periciados, bem como a arma, que foi encontrada com três cartuchos deflagrados e um intacto. O caso foi registrado como homicídio e suicídio e José Eurípedes como principal suspeito.

A pergunta que fica: Quem matou Stéphane?

Depois da absolvição de Luiz no julgamento, a polícia deve retomar as investigações para tentar descobrir quem, afinal, matou e ocultou o corpo de Stéphane.