Alexandre Mansinho

Na manhã do último dia 12 (quarta-feira), o prefeito Lucas Pocay recebeu a equipe do Jornal NovoNegocião para uma entrevista exclusiva sobre os 100 primeiros dias do governo. Em pauta, seus projetos e desafios para o restante do mandato: “nunca pensei que seria fácil, mas a situação de descaso na qual se encontrava a prefeitura foi de causar espanto”, inicia Pocay em relação ao período de transição: “em janeiro havia quase 30% do funcionalismo em férias, isso já representou um problema quanto à nova forma de gestão que se pretendia imprimir – muitos funcionários ficaram surpresos e até desagradados com as primeiras medidas, mas agora acredito que isso já foi superado”.  

Oposição e “sabotadores” dentro do quadro de funcionários – Perguntado sobre se havia “sabotadores” dentro do quadro de funcionários da prefeitura e qual era sua relação com a oposição, Lucas permaneceu ponderado: “não há sabotadores, o que há são alguns funcionários que, aos poucos, estão entendendo qual é a identidade do novo governo e estão já efetuando sua contribuição para a mudança da cara da cidade – já quanto a oposição, alguns ainda não desceram do palanque e não aceitaram a derrota – com isso quem perde é a cidade”. 

Pocay ainda ressaltou que há alguns deputados que, segundo ele mesmo, “subiram em outros palanques”, mas agora estão colaborando com seu governo.

Greve e Instituto de Previdência de Ourinhos (IPMO) – No momento o assunto que mais provoca polêmica é a greve dos funcionários da prefeitura. Alguns julgam que faltou maturidade política por parte da gestão Pocay, outros alegam que o Sindicato dos Servidores tomou medidas irresponsáveis para poder enfraquecer o governo. 

Independente da forma de se ver o problema, é fato que ainda haverá alguns capítulos nessa verdadeira queda de braço. Pocay reforça todos os argumentos que sempre vem dizendo sobre o tema: “não restam dúvidas que a minha vontade seria dar um aumento de 100%, pois os servidores merecem; no entanto nós não podemos ser irresponsáveis com as contas públicas – nos últimos 12 anos o Instituto de Previdência de Ourinhos sofreu com o descaso e isso, em conjunto com outros fatores, impede que possamos dar um aumento melhor para os funcionários”. 

Perguntado sobre quais medidas serão tomadas quanto à situação do IPMO, Pocay afirmou que já foi recomendado um relatório atuarial que irá, entre outras coisas, revelar qual é a real situação das contas e irá nortear medidas para a resolução do problema.

UPA, Santa Casa e Secretaria da Saúde – Sem sombra de dúvidas, o setor da saúde era o que mais recebia reclamações durante o último governo, Pocay ressaltou as medidas que foram tomadas logo no início do governo a fim de melhorar a situação: “diversas foram as ações nesses primeiros 100 dias – a secretária de saúde, Cássia Borges Palhas, tem trabalhado bastante. Nós reservamos 9 leitos da Santa Casa, ao custo de 100 mil reais ao mês, para atendimento exclusivo aos ourinhenses encaminhados pelo UPA, houve também a reestruturação do serviço de exames laboratoriais e o atendimento no Postão até as 23h”. 

No entanto, como não poderia deixar de ser, a população ainda identifica muitas falhas no atendimento – matérias do NovoNegocião relatam a demora no atendimento na UPA e a carência de vagas na Santa Casa, mesmo diante das medidas do governo municipal.

Os “trevos da morte” – Outro problema que a população enfrenta é o perigo no trânsito dos trevos de acesso à cidade nas rodovias que cortam a zona urbana – de modo especial, e mais crítico, estão os trevos do Parque Minas Gerais, Vila Brasil e Jardim Itamaraty.

Pocay anunciou medidas para esses três trevos: “no Parque Minas Gerais haverá uma reestruturação em decorrência da duplicação do trecho Ourinhos x Ipaussu – o projeto já foi aprovado e, logo que iniciarem as obras, o desenho será reestruturado de forma a garantir maior segurança aos motoristas e pedestres. No Jardim Itamaraty, de imediato, estamos estudando a construção de uma passarela (que já foi orçada em R$ 1 milhão) e procurando recursos junto aos outros níveis de governo, já para o trevo da Vila Brasil, o problema é mais grave por causa do grande desnível que há – qualquer obra ali envolveria grandes gastos, mas já está em curso estudos para reestruturar o desenho do trevo, de forma a garantir mais segurança”. 

Capitão Augusto e Polícia Federal – Perguntado sobre o relacionamento do governo Pocay com o deputado Capitão Augusto, o prefeito disse que as portas da prefeitura sempre estarão abertas para ele e para qualquer pessoa que queira ajudar a cidade: “quero aproveitar e fazer o convite, por meio do NovoNegocião, para que o Capitão venha aqui para conversarmos”. 

Pocay ainda ressaltou que está ciente da possibilidade da instalação de uma delegacia da Polícia Federal em Ourinhos, uma das grandes bandeiras do Capitão Augusto, e apoia: “eu já fiz, enquanto vereador, um requerimento para a instalação da PF em nosso município – eu apoio e nosso governo fará de tudo para que isso se torne realidade”.

Privatização da SAE – Outro assunto que provocou polêmica nesses primeiros 100 dias foi a suposta privatização da Superintendência de Água e Esgoto de Ourinhos (SAE). Já foi tema de matéria do NovoNegocião que essa notícia não corresponde à verdade, no entanto, Pocay confirma que haverá sim terceirização dos serviços de construção de novas redes de esgoto e para o novo aterro sanitário: “não há possibilidade de privatização da SAE, no entanto não temos aparato técnico e nem profissional para realizar essas obras – será uma terceirização pontual apenas para essas obras”. 

Casas Populares – Sobre o déficit habitacional no município, Pocay diz que o primeiro objetivo é entregar as casas do Recanto dos Pássaros III, cujas obras estão atrasadas há mais de um ano: “estive em Brasília para resolver o problema, a construtora parou as obras sem justificar o motivo; para os outros conjuntos habitacionais que já existem estamos articulando para obter recursos a fim de efetuar melhorias e, por fim, há projetos em conjunto com o CDHU para novos conjuntos habitacionais”. 

Pocay afirma que a crise econômica vai atrasar os projetos nessa área, mas que há planos em curso. 

Reclamações que ainda persistem – Pocay ainda foi questionado sobre vários outros assuntos, de modo geral ele ainda persiste no discurso que Ourinhos terá uma cara nova e que boas mudanças já estão em curso. Ele afirma que é natural que haja um pouco de descontentamento por parte da população, porque as expectativas foram muito altas: “Ourinhos estava em uma situação de abandono, não há como não ter altas expectativas – mas acredito que, com o decorrer do governo a população irá perceber que nossa nova forma de governar está dando certo”.

Medidas tomadas e fatos aprovados pela população

– Funcionamento do Postão até 23 hs (desafogou a UPA)

– Programa Viaje com Saúde (micro-ônibus permite que pessoas que fazem tratamento fora, voltem mais cedo

– Kit Lanche para pacientes que viajam para fora da cidade

– Mais leitos na Santa Casa para pacientes da UPA

 – Agilidade na entrega de exames laboratoriais

 – Implantação do Padrão SESI no sistema de ensino nas Escolas Municipais

– Palco Livre das Artes todas as semanas nos bairros

– Banco de Ração que aguarda regulamentação

 – Melhor controle de gastos no Páteo da Prefeitura

– Informatização do Sistema na Secretaria de Saúde

– Recape de melhor qualidade

 – Troca de Lâmpadas praticamente concluída

Medidas tomadas e fatos que descontentaram o ourinhense

– Diminuição do desconto do IPTU para pagamento à vista

– Reajuste da Taxa de Iluminação Pública

– Aumento da taxa de Esgoto a vigorar a partir de Junho

– Retirada da Escola do Bailado do Centro Cultural

– Mudança no Estatuto do Magistério (diretores voltam a ser escolhidos e nomeados pelo prefeito)

– Boatos de possível privatização da SAE ou concessão de alguns serviços

– Renovação do Contrato com o Recicla Ourinhos

– Greve dos funcionários públicos