quinta, 12 de setembro de 2024
Publicado em 03 mar 2015 - 12:50:40
Laercio Guedes da Silva
Um assunto recorrente na mídia brasileira é a Taxa Selic. O que é isso, afinal?
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. O Selic é o depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e Banco Central do Brasil. Nessa condição processa, relativamente a esses títulos, a emissão, o resgate, o pagamento dos juros e a custódia. Tais títulos representam o estoque da dívida interna do país. Quem a usa? Quem a manipula? Banco Central do Brasil.
Qual o órgão do Banco Central encarregado de gerenciar a Taxa Selic? Copom – Comitê de Política Monetária. Quem compõe o comitê? O presidente do Bacen e diretores da área monetária.
Por que se aumenta a Taxa Selic? Para conter a inflação. Quando se eleva a Taxa Selic, o sistema financeiro automaticamente eleva suas taxas de juros.
Por que se baixa a taxa Selic? Uma vez afastados os focos inflacionários, principalmente por demanda, a taxa é diminuída.
Qual o impacto da Taxa Selic na política econômica? A taxa Selic remunera os títulos públicos que representam a dívida interna do país. Quanto mais alta é a taxa, mais juros são pagos aos banqueiros e menos dinheiro é injetado na economia.
A Taxa Selic no Brasil é muito alta? Sim, muito alta. Provavelmente a maior do mundo.
Existe outros meios de se debelar a inflação, além da elevação da Taxa Selic? Sim, mas o governo não os utiliza. Seria uma briga com os banqueiros nacionais e internacionais e fundos de pensão, credores da quase totalidade dos títulos públicos, hoje por volta de 2,2 trilhões de reais. A uma taxa de atual de 12,25% ao ano, equivale dizer que o governo paga 269 bilhões/ano só com o serviço da dívida (pagamento de juros). A cada 0,5% que se aumenta na Taxa Selic, equivale a dizer que o governo despenderá mais R$ 11 bilhões no pagamento de juros.
Qual seria a alternativa para administrar a inflação, independente da Taxa Selic? Depósito compulsório, isto é, recolhimento obrigatório de parte dos depósitos bancários junto ao Banco Central, o que provocaria a injeção de menos recursos para a economia. Desaquecendo a oferta de crédito, os juros bancários tenderiam a subir e, consequentemente, a procura por crédito seria menor, bem como provocaria um impacto no consumo. Menos consumidores têm como consequência uma retração de preços e, por fim, da inflação propriamente dita.
Então a pergunta que não quer calar: por que o governo não utiliza o depósito compulsório como principal ferramenta de política monetária? Resposta: os bancos ganhariam menos e isso eles não querem e, pior, ainda, não aceitam. Enfim, eles quem mandam no país.
Solução: chorar sobre o leite derramado.
*Laercio Guedes da Silva, 66 anos, aposentado e com formação em contabilidade e administração de empresas e, tendo como foco principal de conhecimento, finanças públicas e privadas.
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