quinta, 12 de setembro de 2024
Publicado em 11 mar 2015 - 03:56:31
Marco Zanutto
Cansei de ler besteiras de gente tonta; de gente parcialíssima; de gente rancorosa (dos dois lados do espectro político); de gente que não consegue enxergar um mísero dedo à frente do próprio nariz; gente politizada, gente sindicalizada mas cega, soberba, pedante e, que no final das contas, se definirá, um verdadeiro coió, sem condições mínimas de se afirmar a um determinado projeto e segui-lo até o final, seja lá onde quer que isso chegue.
Falo dos governistas – é claro. Gente que ainda não se deu conta de que o Brasil já existia antes de 2003 e que foi muito – frise-se, mas muito dolorido – ter conseguido chegar onde chegamos e, por conta de não sei o que houve em maior quantidade, se soberba ou megalomania ou um misto de pedantismo exacerbado com estupidez (não quero acreditar em má-fé, por favor), que, desde antes de ser governo, já exibia os dentes contra aqueles que não compartilhassem a mesma visão de transformação social que eles. Se fosse tucano, então, valha-me Deus! Era o próprio demônio em pessoa!
Ora, lê-se em vários veículos e nas mídias sociais, tanto reportagens como frases soltas e descontextualizadas, de intelectuais e políticos marxistas, materialistas, liberais (creiam, é verdade) e sociais-democratas de outras plagas (pois estes, sim, são verdadeiros sociais-democratas), justificando essa ou aquela ação do governo. É de bom tom reconhecer os avanços sociais que conseguimos. Mas é necessário, haver juízo, sensibilidade e – principalmente – responsabilidade sobre o quê se faz e como se cuida do dinheiro que é de todos.
Vários programas do governo foram nessa direção, amparados pelo boom dos anos Lula que, com a crise de 2008, necessitou-se de uma mudança de rota. O problema, foi que, por contas de desvarios e experimentações na economia e brincando com o populismo em vários momentos, chegou-se a esse malfadado quadro lastimável em que se encontra nossa economia.
Juros altíssimos para uma economia considerada “investment grade”, economia que não cresce de forma vigorosa desde 2010. Àquela altura, ultrapassamos o Reino Unido como a 6.ª maior economia do mundo e, como todo brasileiro é presunçoso, achávamos que tínhamos encontrado as chaves do castelo da economia. Ledo engano!
E dá-lhe “memes” e discussões mais que acaloradas pelo Facebook afora. Corremos o risco sério de sermos atropelados pela própria Índia e amargarmos um 10.º lugar esse ano. Além do letárgico crescimento associado ao desgoverno completo, somos chamados de torcer contra o país.
O interessante é que, nos tempos mais tenebrosos em que se exigia responsabilidade e pacto pelo país [como o é de extrema importância nesse momento, dado ao fato de o governo estar nas mãos da maior prostituta partidária do país (PMDB)], o mesmo PT que sempre motivou o ódio pelos seus adversários, gabando-se de ser diferente em tudo o que outros faziam; regozijava-se por ter as mãos limpas e o coração puro, não resistiu ao ter encontrado o Anel de Giges, cujo dedo serviu.
Usou, abusou e lambuçou-se do mesmo néctar permitido aos canalhas. Vide Mensalão, que o mesmo partido insiste em chamar de ação penal 470; justamente o que mais escárnio fazia no Brasil! Vide exemplos vários em incontáveis manchetes pelos períodos em que era oposição.
E agora, apoiados por colaboradores de mais variadas colorações partidárias – pois que são 39 as capitanias hereditárias, ops, partidárias – veem dizer que a reação às medidas adotadas é da elite branca? Que mundo vivemos onde os que financiam (classe média baixa assalariada e empresas, não os empresários, pois esses podem sonegar à vontade) não têm o direito de fazer uso de sua inteligência, indignação e direito garantido pela democracia e poder contestar? E se assim o fizermos seremos tachados de ‘reaças’ e ‘coxinhas’?
Desde quando defender o impeachment está errado? Vivemos num regime dito democrático e, o mesmo PT que hoje condena, em janeiro de 1999, apoiou a proposta através de Tarso Genro, do mesmo instrumento a FHC, reeleito em 1998, justificando que ele praticou estelionato eleitoral, quando disse em campanha que não haveria desvalorização do Real e acabou sendo obrigado a fazê-lo naquele mesmo janeiro, que hoje condena?
A que nome podemos dar a isso? Esquecimento seletivo? Hipocrisia coletivo-partidária? Ou busca por factoides? Toquemos a vida.
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