quinta, 28 de março de 2024

CCO volta atrás e mantém transporte coletivo após anunciar paralização do serviço

Veja também a opinião de diversos ourinhenses que dependem do transporte público para se locomoverem em Ourinhos

 

José Luiz Martins

 

A crise no transporte público de Ourinhos está tomando rumos ainda mais indesejáveis para os usuários que dependem do transporte coletivo na cidade. Já faz algum tempo que as atribulações em torno dessa essencial prestação de serviço para os munícipes, segue sem que uma solução a contento, principalmente em favor dos usuários, seja encontrada.

O impasse entre CCO – Circular Cidade de Ourinhos, empresa do grupo AVOA e a Prefeitura culminou no início da última semana com a ameaça de interrupção da circulação dos coletivos, que se ocorresse, prejudicaria milhares de munícipes.

Usuários reclamam dos serviços prestados pela CCO, principalmente em relação à má conservação dos ônibus e a redução de horários e suspensão dos serviços em domingos e feriados

 

A CCO distribuiu nota a toda imprensa local na terça-feira, 2/5, anunciando que iria devolver a licença de exploração e operação do transporte para a administração municipal, a partir da quinta-feira, 5/5, por não ter chegado a um acordo com o prefeito Lucas Pocay a respeito de questões financeiras para continuidade do serviço.

Após a divulgação da intenção da CCO de, repentinamente, paralisar o transporte se retirando do negócio, Pocay impetrou no Ministério Público uma ação que exige a continuidade do serviço até que o novo processo licitatório, iniciado no inicio de março pelo executivo, se conclua.

Nota da Prefeitura de Ourinhos após a CCO comunicar a devolução dos serviços de transporte público em Ourinhos

 

Ainda na terça-feira, uma reunião foi realizada entre as partes, onde a empresa decidiu suspender a devolução do serviço continuando a operar o transporte coletivo até que a decisão judicial seja tomada.

O fato é que no meio da corda esticada nessa obscura e embaraçada situação, está a população que depende diariamente do serviço. Numa ponta está a CCO, que explora o serviço há mais de 40 anos,  e na outra ponta a Prefeitura, que resolveu abrir caminho para que outras empresas explorem comercialmente, é bom que se destaque, esse serviço público.

Comunicado da CCO suspendendo temporariamente a decisão de devolver o serviço de transporte público em Ourinhos

 

A empresa vem alegando que não tem mais condições financeiras para continuar operando, devido ao excesso de gratuidades concedidas por lei, agravada pela queda na receita, com a grande redução no número de passageiros a partir do início da pandemia, além dos sucessivos aumentos dos custos do óleo diesel, pneus, peças e demais insumos da atividade. Com isso, a CCO diz que a operação do sistema, feita apenas com base no escasso pagamento das tarifas não está sendo mais viável.

A intenção da empresa, de abandonar o serviço de súbito, está ancorada no fato de a permissão da prestação do serviço ter um contrato firmado há décadas sem prazo definido de encerramento. A tentativa da CCO de negociar um aumento no subsídio com o poder público, para continuar com o negócio até que o processo da nova licitação termine não vingou.

Segundo a prefeitura, por se tratar de uma concessão antiga e incerta, a administração não teria como conceder mais subsídio e a CCO deverá buscar junto ao Judiciário o aporte de dinheiro público que solicita.

 

QUEM SÃO E O QUE O PENSAM OS USUÁRIOS DO TRANSPORTE PÚBLICO?

Em Ourinhos são transportados todos os meses cerca de 40 mil passageiros, que desde o início de abril desembolsam mais dinheiro para utilizar os ônibus no dia a dia, já que a tarifa subiu de R$3,75 para R$4,50.

De acordo com passageiros ouvidos pela reportagem do Negocião, em meio a indefinição que paira sobre o destino da prestação de serviço indispensável, a população está se utilizando de um serviço precário.

A redução do número de ônibus circulando, com períodos do dia em que o serviço é paralisado; frota em mau estado e o valor da passagem considerado caro estão entre os problemas apontados pelos munícipes.

 

 “Olha tanto eu como todo mundo que mora lá no meu bairro precisa desse tipo de transporte. Só que estão deixando a desejar, os ônibus são tudo velho, não tem condição de você andar nele entendeu. Os bancos quebrados chegam até rasgar a roupa. Eu tenho a carteirinha faz três anos, eu não pago, mas tem muita gente que paga e se parar de rodar os ônibus fica difícil, eu não tenho condução, vir a pé de onde um moro eu não aguento. Os motoristas não respeitam os idosos”. Renato Clemente – Torneiro mecânico – Recanto dos Pássaros

 

 

 “Eu ando muito de ônibus porque tenho que fazer compras, mercado, farmácia, pra vir pagar as contas que não pode atrasar de jeito nenhum, ir no banco, é tudo aqui no centro né. Não tenho outro jeito de vir, eu preciso demais de usar a circular. Eu tenho o cartão de aposentada então não pago, se precisar pagar não posso, eu recebo um salário mínimo e não dá pra nada, primeiro pago conta de água, luz, remédios, com o que sobra a gente vai se virando”.Maria Zuleide dos Santos – Aposentada – Recanto dos Pássaros

 

 

 “Uso a circular principalmente pra vir trabalhar diariamente e está meio complicado porque reduziram o horário dos ônibus que estão bem ruinzinhos. Sem contar que tá mais caro, gasto mais ou menos uns cem reais com circular. Estão dizendo que vai parar, se isso acontecer vai ficar mais complicado ainda, mesmo que seja um dia só. Imagine se for por mais tempo o problema que vira isso”.Katlen Simão Teixeira – balconista – Jd. Itajubi

 

 

 “Eu dependo desse transporte pra trabalhar, saio de casa cedo e volto a tarde todo dia. Já faz um ano que tenho o cartão e não pago a passagem, mas antes eu gastava uns 200 reais por mês, quando a tarifa era R$3,50, subiu agora e se tivesse que pagar teria que desembolsar mais um tanto. E olha, não tem muita qualidade não os bancos dos ônibus quebrados, e se você está chegando perto do ponto e o ônibus vem vindo e você dá sinal o motorista não para, então tá deixando a desejar”.Paulo Reginaldo Peres – Pedreiro – Jd. Santos Dumont

 

 

 “Ando de circular pelo menos três vezes por semana, tenho a gratuidade faz pouco tempo, mas minha esposa não tem, meus filhos também não. Usar Uber ou moto taxi não compensa, sai bem mais caro”. – Rafael Rosa – Aposentado – Jd Eldorado

 

 

 “Eu não trabalho fora de casa, mas eu necessito da circular de duas a três vezes por dia a semana toda, já faz um ano que não preciso pagar a passagem, a despesa que eu tenho é com meus netos, sou eu que levo e busco eles na escola e eles pagam. Por isso o nosso gasto com circular é bastante, chega a uns 200 reais”.Ubiraci Rodrigues – Dona de casa – Jd Eldorado

 

 

 “Olha eu dependo sim do transporte coletivo pra trabalhar, pra vim para o centro, do meu bairro até aqui é uns 45 minutos. Tem um lugar que eu trabalho que demora uma hora e meia, então não tem como deixar de usar a circular e eu gasto mais de cem reais por mês, se for pra pegar outro transporte que não seja a circular fica muito mais caro. Usar a circular pra mim ainda compensa mais que qualquer outro tipo de transporte aqui na cidade. Pra mim o serviço é bom, mas tem horário que não estão rodando e faz falta pra muita gente”. – Ana Maria de Paula – Diarista – Jd Brilhante

 

 

 “Moro em Ribeirão do Sul e faço uso do transporte coletivo para vir de Ribeirão até Ourinhos e também da rodoviária até o meu local de trabalho e é a mesma empresa. Eu gasto em média hoje de 300 a 400 reais com essa locomoção, isso as vezes com o desconto que tenho mesmo com a empresa que trabalho pagando uma porcentagem. Muitas vezes o serviço não é de qualidade, ônibus muito lotado em determinados horários e o cartão de passagem que as vezes falha mesmo estando com crédito. Mas penso que pode pesar também não ter esse tipo de transporte disponível pra população”.Carolaine Mendes de Sousa – Analista de recursos humanos – Ribeirão do Sul

 

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