sexta, 26 de julho de 2024
Publicado em 19 fev 2023 - 14:41:34
Segundo a prefeitura de Ourinhos, a instalação dos dispositivos é paliativa e provisória, pelo risco eminente de acidentes e atropelamentos
José Luiz Martins
A colocação de dispositivos auxiliares de sinalização, popularmente chamados de “tachões” em várias vias de Ourinhos, têm gerado controvérsias desde que começaram interferir no sistema viário de ruas e avenidas da cidade com o propósito de reduzir a velocidade no tráfego.
Implantados há pouco tempo, os tachões têm despertado descontentamento de motoristas, principalmente motociclistas e ciclistas, que temem danificar seus veículos devido ao impacto e trepidação causados ao passar sobre esse tipo de dispositivo, a depender da velocidade em que se trafega.
O que a grande maioria dos condutores não sabe, é que as tachas refletivas são dispositivos para a orientação e organização do trânsito, delimitadores de espaço; e não podem ser utilizados como redutores de velocidade fixados transversalmente nas ruas.
É o que diz o parágrafo 2º da resolução 600/2016, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), “é proibida a utilização de tachas, tachões e dispositivos similares aplicados transversalmente à via pública”.
A redação do Jornal Negocião recebeu várias queixas de munícipes alertando para a irregularidade, conforme prevista no Código de Trânsito Brasileiro e praticada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade da Prefeitura de Ourinhos que cuida da mobilidade no trânsito na cidade.
Mesmo com a proibição, a Secretaria tem implantado tachões em vias do centro e de alguns bairros, foram instalados na Avenida Rodrigues Alves, Rua Brasil, Rua Gaspar Ricardo, Rua José Bonifácio, Rua Sete de Setembro na Vila Margarida, Rua Dom José Marelo, Vila Mano, e outros locais.
Um dos reclamantes R.J. V. que trabalha como moto taxista e entregador, relata que ao passar por sobre os tachões, os motociclistas correm risco de perder o equilíbrio do veículo de duas rodas.
“Mesmo que você passe devagarinho aquilo pode tirar o equilíbrio ainda mais se estiver com alguém na garupa. Por pouco não caí da moto com passageiro quando fui passar com a roda naquele vãozinho entre os tachos. Tinha chovido estava molhado e aquele negócio é liso, o pneu resvalou e jogou o guidão da moto do lado foi por pouco”, reclamou.
De acordo com observação do próprio Contran, “o uso de tachas e tachões é proibido e quando aplicados transversalmente à via pública como redutor de velocidade, podem causar acidentes e danos aos veículos”.
“Há risco de acidente” é o que atesta o vendedor Carlos Renato Bueno, morador na Rua José Bonifácio (Vila Nova Christoni). Na rua em que reside foi instalado tachões quase que em frente à sua casa. A via é estreita sem espaço de estacionamento de ambos os lados em toda sua extensão e com grande tráfego de caminhões.
Ele diz não ser contra diminuir a velocidade dos veículos nas ruas com intuito de dar mais segurança, mas acredita que esse tipo de dispositivo não é o ideal. Além do risco de queda de quem trafega com moto, no seu caso o barulho e a trepidação causada no imóvel onde reside por veículos pesados são constantes.
“O problema que esse obstáculo trouxe para nós aqui é o barulho que faz quando os caminhões vazios passam aqui, muitos não diminuem a velocidade e a casa chega a tremer. Acho que desse jeito aqui não adianta, estão rasgando dinheiro porque a peça solta fácil do asfalto, é muito caminhão passando nessa rua. O certo aqui é fazer o quebra-molas (ondulado no próprio pavimento) normal que nem fizeram na frente do antigo sacolão seria bom muito bom”, sugeriu.
Segundo Renato, desde que os tachões foram implantados nesse local ele já presenciou o SAMU socorrendo motociclistas que perderam o controle de direção e foram ao solo.
“Teve três acidente aqui com moças pilotando Biz, elas tentaram passar no vãozinho dos quadradinhos e aí caíram. Vocês podem confirmar, foi chamado o SAMU pra socorrer, e isso em horário de pico no final da tarde. Esse negócio aqui não funciona o cara quer passar pelo vãozinho com a moto e acaba caindo, principalmente quando é mulher”, testemunhou.
Conforme a legislação de trânsito o uso desses dispositivos é indicado apenas para a canalização de tráfego, dando a percepção do condutor os limites do espaço e a sua separação em faixas de circulação.
O QUE DIZ A PREFEITURA – A reportagem do Negocião conversou sobre o assunto com o Prefeito Lucas Pocay, que garantiu ser a instalação dos dispositivos uma ação provisória pelo risco eminente de acidentes e atropelamentos, que seriam, segundo ele, danos muito maiores à população.
Ainda segundo o prefeito, o programa de recape asfáltico que a cidade vem recebendo, com a recuperação da malha viária em diversos bairros tem provocado um aumento de velocidade por parte de condutores e a imprudência de alguns colocam em risco os pedestres e a segurança nas vias.
“Se, pela falta de consciência dos motoristas, tivermos que colocar lombada ou semáforo em toda esquina, a cidade ficará intransitável e virará um caos. Por isso, os tachões estão sendo provisórios e paliativos devido a demanda, para a conscientização e entendimento da velocidade para o fluxo adequado e seguro a todos os condutores”, declarou o prefeito.
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