sexta, 26 de julho de 2024

Monitora morta por interno em clínica de recuperação de Marília acolhia moradores de rua

Publicado em 30 dez 2022 - 16:51:17

           

Homicídio foi registrado na noite de terça-feira (27), no local que fica Rodovia Dona Leonor Mendes de Barros (SP-333), em Marília (SP). Interno confessou o crime e está preso.

 

Da redação

A filha única da monitora, de 52 anos, que foi morta por um interno com golpes de enxada em uma clínica de recuperação em Marília/SP lamentou a morte da mulher. Simone Vieira da Costa morreu na noite desta terça-feira, 27/12, no local que fica na Rodovia Dona Leonor Mendes de Barros (SP-333).

Ao g1, Rafaela Vieira da Costa Rodrigues, de 22 anos, pontuou que o sonho da mãe era acolher todas as pessoas em situação de rua com a intenção de abrigar, alimentar a ajudar na cura.

O trabalho com os moradores em situação de rua começou em 2015, com a doação de marmitas. Mas, a vontade de fazer mais por aqueles necessitados de ajuda e acolhimento “gritou mais alto”.

Por isso, Simone fundou a clínica de recuperação, nomeada Estância Peniel. O sonho, que começou lá em 2018, foi interrompido com a fatalidade. O trabalho voluntário desenvolvido pela monitora é descrito pela filha como nobre e corajoso, já que estava diariamente exposta e vulnerável.

“Era um sonho dela socorrer todas as pessoas em situação de rua. Sempre com o coração generoso para acolher todos, inclusive o indivíduo que, em crise de sua doença, cometeu esse crime horroroso”, lamenta.

Segundo Rafaela, a rotina da mãe se resumia aos cuidados com os internos, ao lado de outros voluntários, cada um com as suas atividades. Aos fins de semana, a filha ainda lembrou que aproveitavam juntos os momentos de lazer. “Ela vivia para isso, só pensava em ajudar.

Ninguém conseguia tirar da cabeça dela este pensamento. Ela dizia que eu nunca iria entender o porquê dela fazer este trabalho com tanto amor e dedicação”, reforça.

No momento que soube da morte de Simone, a filha desmaiou, mas não precisou de atendimento. Conforme ela narrou, teve dificuldades para assimilar o que havia acontecido.

“Minha maior vontade é ver ela com vida ligar para ela todos os dias como sempre fazia. Está doendo tanto”, se emociona.

O enterro de Simone aconteceu na quinta-feira (29) às 10h30 no Cemitério da Saudade, onde o velório também foi velada.

Filha diz que monitora morta por interno com golpes de enxada em clínica de recuperação acolhia moradores em situação de rua em Marília — Foto: Rafaela Vieira da Costa Rodrigues /Arquivo pessoal

 

Colegas de trabalho

A vice-presidente da clínica, Mônica Casagrande Neto, de 46 anos, também conversou com a reportagem do g1. Segundo ela, além de fundadora, Simone era presidente da clínica e investia recursos próprios no trabalho voluntário.

Ela acreditava que os internos entendiam o que ela queria passar e o que ela estava fazendo por eles. Ela tinha o objetivo de pegar os moradores em situação de rua, acolhia todos com ‘bons olhos’, acreditava que podia transformar essas vidas”, expõe.

O local passava por reformulação e contava com quatro internos, além dos funcionários voluntários, como psicólogos que atendiam semanalmente.

Conforme Mônica, em relação ao interno que cometeu o homicídio, ele havia passado pelo acolhimento, mas ainda estava sem os medicamentos por ser recente. O relacionamento dos dois era tranquilo, apesar das brigas.

“Ele xingava, falava palavrões, mas nunca chegou a agredir fisicamente a Simone. Mas, ela estava exposta, vulnerável. Esse interno foi o primeiro que ela acolheu em uma clínica que ela tinha em outro endereço, então ela confiava que ele acalmaria. Mas, pelo que o médico havia dito, ele tinha sinais de esquizofrenia. Tinham restrições e regras a serem cumpridas no local e isso não agrada a todos. É um trabalho difícil, que requer disposição, e isso ela tinha”, garante.

Outra colega de trabalho, Silvia Maria Solfa Crispim, contou ao g1 que o marido que trabalha no Corpo de Bombeiros estava de plantão no dia do ocorrido. Por isso, ele fez os primeiros atendimentos e acionou a polícia.

“Fui na delegacia porque, até então, nenhum familiar havia sido comunicado. A Simone morreu no combate, lutando pelo que acreditava. Eu até alertava ela sobre os perigos”, lembra.

O crime
Segundo o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada para atender ao caso. No local, encontraram o corpo da vítima caído em uma horta. O interno, que no momento ainda estava com a enxada, confessou o crime.

A enxada foi apreendida e encaminhada para perícia. O corpo da vítima foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para exame necroscópico.

 

 

Simone Vieira da Costa foi morta com golpes de enxada em clínica de recuperação em Marília — Foto: Silvia Maria Solfa Crispim/ Arquivo pessoal

 

O interno da clínica de recuperação foi preso em flagrante após matar a monitora com golpes de enxada no local, na Rodovia Dona Leonor Mendes de Barros (SP-333), em Marília.

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