quinta, 12 de setembro de 2024

Motos estacionadas em vagas de carros e estacionamento rotativo foram assuntos da última semana

Publicado em 02 set 2019 - 12:07:00

           

Comerciantes e empresários se mostram descontentes e questionam a legislação e sua fiscalização

 

 Juliana Neves

 

 A problemática de estacionamento de motos e carros foi novamente levantada na última semana em Ourinhos. Questões como estacionamento irregular de motos, estacionamento rotativo, pagamento irregular da zona azul foram abordados e até levados para reunião na Associação Comercial e Empresarial de Ourinhos (ACE).

Apesar dos esforços da prefeitura, estacionar na cidade de Ourinhos continua sendo bastante complicado para comerciantes, comerciários e clientes, que muitas vezes, acabam mudando seus itinerários devido à dificuldade de encontrar uma vaga.

Adenilton Bueno, empreendedor, avalia que o trânsito de Ourinhos é conturbado devido ao aumento de veículos, seja carros ou motocicletas, sendo que no cotidiano as pessoas precisam ir para o centro da cidade a todo instante. “Eu mesmo prefiro sair de moto, porque é mais rápido, dá mais agilidade, é mais econômico, mas, mesmo de moto, temos sofrido bastante nesta questão de estacionamento. Porque de modo geral tem muitas motos e o número de vagas são insuficientes”, conta.

Adenilton Bueno, empreendedor em Ourinhos, comenta que de um modo geral tem muitas motos e o número de vagas são insuficientes

Com um olhar especial para as motos, o ourinhense questiona se, segundo a legislação, elas ocupariam o mesmo espaço do carro. “Se discute muito a questão das motos estacionadas em lugares de carros, porque quando se estaciona uma moto, o motorista de carro encontra mais dificuldade em conseguir uma vaga. Mas onde seria proibido estacionar? Ou as motos só poderiam estacionar em lugares destinados a elas? Quem vai fiscalizar? Sem contar que as pessoas não respeitam a legislação da Zona Azul, que perde a função de rotatividade da vaga”, questiona o empreendedor.

Vicente Coelho, proprietário de loja de roupas, afirma que a questão das motos estacionadas em lugares de carros é similar ao efeito dominó, se um motorista estaciona em um determinado local, todos os outros farão a mesma coisa. “A hora que você vê tem meia dúzia de motos ocupando três ou quatro vagas de carros porque elas param espaçadas”, diz.

O comerciante também afirma que o que ele mais ouve são reclamações dos clientes dizendo que não encontraram vaga de estacionamento e optaram por irem embora. E segundo ele, o comércio precisa se fortalecer perante as novidades que estão chegando na cidade, e para que isso aconteça, é importante priorizar as vontades do consumidor.

Mauro Franco, proprietário de ótica e diretor SPC, afirma que esta é uma questão que vem sendo muito discutida pela população, empresários e buscam ouvir as opiniões dos clientes, porque o problema é que os motociclistas optam por não pagar pela Zona Azul e dificulta a vinda dos clientes para o comércio. Na verdade, não é proibido ter motos estacionadas em vagas que os carros estacionam, mas já que ocupou aquele lugar é preciso estar dentro das normas iguais os veículos carro.

Fiscalização Polícia Militar – A Polícia Militar, representada pelo Capitão Viol, Comandante do 31º Batalhão de Polícia Militar de Ourinhos, explica que o estacionamento na área central da cidade é regulamentado e possui sinalização por meio de placas, para que não haja conflitos entre as pessoas. Em alguns lugares existem os bolsões para motocicletas, mas, muitas vezes, não há vagas suficientes.

Segundo dados da Polícia Militar, no ano de 2019 existe um registro de 43 autos de infração em estacionamento de desacordo com a regulamentação, além da Zona Azul com um número maior

Desta maneira, motoristas acabam estacionando as motos em lugares que são mais comuns aos carros. “Não há problema de estacionar neste local, desde que seja paga a Zona Azul para se obter o direito de um estacionamento regulamentado. Não é vantagem, mas se não tiver opção é possível e se estiver sem o cartão de Zona Azul, o motorista está sujeito a ser autuado por uma infração grave, podendo até levar a atitude de remoção do veículo”, afirma o Capitão.

Sobre a fiscalização, o comandante conta que existe um convênio entre a Polícia Militar e a Prefeitura há muitos anos. “O município estabeleceu um convênio delegando a competência para fiscalizar as infrações municipais e as relacionadas a estacionamento para a polícia. Então, nós temos que fiscalizar o estacionamento irregular e nós fazemos isso, não é prioridade máxima da polícia, mas é uma de nossas funções e estamos fiscalizando”, explica.

Segundo dados da Polícia Militar, no ano de 2019 existe um registro de 43 autos de infração em estacionamento de desacordo com a regulamentação, além da Zona Azul com um número maior, por ser a regra mais desrespeitada no centro da cidade. Ou seja, mais de 400 autuações no ano com as fiscalizações rotineiras.

Capitão Viol ressalta que segundo a legislação de trânsito, as motocicletas quando estacionadas próximas de carros, devem deixar um espaço de no mínimo um metro, para que não impeça do outro veículo sair e tenha espaço suficiente para manobrar. “Caso contrário, cabem aí duas autuações, pela moto bloquear a movimentação do veículo e por não pagar Zona Azul”, pontua.

 Opinião Popular – O Jornal Negocião foi até as ruas em busca de opiniões de pessoas sobre esta questão das motos, conversando também com mototaxistas de pontos diferentes da cidade.

Roberto Soares é mototaxista em frente a Caixa Econômica Federal, afirma que conhece a legislação, e que as pessoas reclamam por ver motos estacionar nas vagas de carros

“A única reclamação é das pessoas por ver motos estacionar aqui que é local proibido, então, como nós já fomos avisados pela polícia, há mais de três meses, durante a manhã a gente fica do outro lado da rua e à tarde nós colocamos aqui para não ter problema. Porque os policiais estão passando aqui e dando multa”.

 Leila Adriana, também mototaxista, com ponto na mesma rua, fala que sempre tem reclamação e denúncias da população. “Nós não somos culpados dos outros estacionar aqui, aí as pessoas denunciam nós que estamos trabalhando, sendo que tem mais lugar para carros do que motos. Diz que denunciaram e perguntamos para os lojistas e eles falam que não são eles. Nós colocamos Zona Azul, mas se for preciso nós retiramos a moto e colocamos em outro lugar e estamos dentro da lei”.

Existe ainda uma divisão de opiniões entre populares. “Eu acho errado, porque está tirando a vaga de outra pessoa. Às vezes, um idoso está precisando mais da vaga do que um motociclista que está ocupando aquele local de um carro. É preciso avaliar e questionar esta situação”, opina Emanuelle Bueno, cuidadora.

Fábio Fernandes, porteiro, acredita que tudo pode ser relativo. “Uma que já temos problema na cidade com vagas para carro, agora a pessoa colocar a moto na vaga de carro, desde que ela pague Zona Azul é um cidadão normal com seus direitos. Para mim não tem problema nenhum ao pagar pelo espaço. Mas acho que o problema é na falta de mais vagas para os veículos”.

A equipe de jornalismo também buscou contato com a Associação dos Guardas Mirins para entrevista sobre o tema, porém não obtivemos sucesso até a finalização desta reportagem.

Estacionamento Rotativo – Outra questão bastante polêmica é sobre o estacionamento rotativo no centro da cidade. O que se percebe principalmente é que os próprios comerciantes e comerciários ocupam grande parte das vagas disponíveis durante todo o horário comercial, diminuindo, e até zerando, as opções para clientes que precisam fazer suas compras, ir ao banco, ou cumprir com seus compromissos diários.

Vicente Coelho, proprietário de loja de roupas

Vicente Coelho acredita que é preciso fazer um trabalho de conscientização, principalmente, das pessoas que vem trabalhar no comércio, porque os lojistas vivem e dependem do cliente e eles querem ocupar uma vaga próximo ao local de destino. “Se a gente parar um pouquinho afastado, o centro de Ourinhos não é muito grande, e caminhar cinco minutos a pessoa já está fora da área de Zona Azul. Então, com cinco minutos de caminhada você libera uma vaga para o dia inteiro. Se a gente se unir e usar destas vagas de maneira consciente, eu tenho certeza que o nosso comércio será cada vez mais forte”, opina o proprietário.

Na opinião de Adenilton Bueno, quem trabalha no comércio deve ter empatia em relação aos clientes que irão atender em algum momento do dia, e tentar encontrar soluções para estacionar o seu carro e deixar as vagas centrais para os consumidores, pois não é justo uma pessoa ocupar uma vaga o dia todo e não favorecer o cliente. “A partir do momento que a empresa prioriza o cliente, a loja prospera, mas acredito que de primeiro momento as pessoas vão se rebelar, mas é uma questão de direitos”, finaliza o empreendedor.

Reunião na ACE – O tema foi apresentado para discussão em reunião da Associação Comercial e Empresarial de Ourinhos (ACE), na manhã da quarta-feira, 28, onde foi determinado que a ACE realizará uma campanha informativa direcionada aos empresários e funcionários para o uso moderado das vagas no centro da cidade, de forma a priorizar os consumidores. A diretoria se reunirá com a Guarda Mirim e a Polícia Militar para tratar sobre a real situação da Zona Azul, além de solicitar ao Conselho Municipal de Trânsito uma reunião para tratar das vagas de estacionamento no centro.

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