sexta, 26 de julho de 2024

“Ourinhos está na mão dos bandidos”

Publicado em 04 ago 2017 - 06:04:24

           

Alexandre Mansinho

“Embora nas polícias Civil e Militar de Ourinhos existam homens e mulheres corajosos, honrados e trabalhadores; o número de profissionais é muito abaixo do necessário”, diz Paulo Sérgio Campos Alves, proprietário do Bar Sete Cordas, que foi vítima de furto na madrugada de segunda-feira, 1º de agosto. O desabafo de Paulo é uma constante entre comerciantes e demais cidadãos ourinhenses. O número de ocorrências de roubo, furtos e atos de vandalismo no último mês de julho assustou pelo crescimento e pela ousadia dos bandidos – revólveres, facas e ameaças de violência estão sendo mais comuns. 

Somente nessa última semana foram registrados dois roubos a mão armada em trailers de lanches, mais de 6 ocorrências de furtos a veículos, isso sem contar o número de roubos a transeuntes. Uma ilustração cruel dessa realidade é que, pouco antes do fechamento dessa matéria, um leitor testemunhou que teve o seu celular roubado dentro de uma loja de departamentos de Ourinhos, em plena luz do dia e à vista de todos.

O uso de câmeras de segurança produz um aspecto particularmente cruel de toda essa realidade: o cidadão vê o criminoso subtraindo seu patrimônio, leva as imagens à polícia, mas as dificuldades técnicas fazem com que o criminoso continue livre, mesmo com provas materiais do seu crime.

Além do Bar Sete Cordas uma sorveteria vizinha do bar também foi furtada e na Avenida Luiz Saldanha Rodrigues na madrugada do domingo, 29, ocorreram várias tentativas de arrombamento flagradas por câmeras. Na segunda-feira, 31, no centro da cidade, uma empresa que comercializa assinaturas de internet e canal de TV, por volta das 18h30 teve retirado de seu caixa a quantia de R$ 4.000,00.

“Pé de maconha” na base da Polícia Militar – Um policial entrevistado pela equipe do Jornal Negocião, afirmou que a realidade de falta de efetivo é muito cruel: “o número de policiais é reduzido, em uma noite de sábado, por exemplo, o efetivo é de 5 profissionais em 3 viaturas, para dar conta de uma cidade com 110 mil habitantes (…) Ourinhos está nas mãos dos bandidos”.

Visitando o posto da Polícia Militar da Praça Melo Peixoto, qualquer um pode ver a pichação em uma das paredes: um pé de maconha, desenhado com terra, que simboliza o ataque dos bandidos às forças do Estado e a fraqueza daqueles que deveriam proteger os cidadãos.

Polícia Civil – O vazamento de um e-mail interno, na semana passada, mostra que a cúpula da Polícia Civil de São Paulo faz planos para encarar a crise financeira na instituição e já admite a possibilidade de delegacias fecharem as portas temporariamente devido à falta de recursos. Em Ourinhos, seguindo a tendência do estado, o número de agentes e investigadores já é bem menor que que há dez anos.

“Exemplificando: sem possibilidade de novas aquisições de materiais de consumo, quais unidades deverão ser temporariamente suspensas e a partir de qual data; sem recebimento de recursos suplementares para despesas com combustíveis, a partir de quando não será possível abastecer viaturas e aeronaves”, diz o texto do e-mail, supostamente escrito pelo Delegado Geral de Polícia Adjunto, Waldir Antonio Covino Junior.

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) garante que “não há falta de recursos para a Polícia Civil”. “A mensagem foi precipitada, uma vez que o secretário Mágino Alves já havia solicitado suplementação orçamentária à Secretaria da Fazenda, com aval da Secretaria de Planejamento e Gestão, e o crédito de R$ 4,1 milhões já foi aprovado”, afirmou a pasta em nota.

Soluções – Enquanto as articulações para a criação da Secretaria Municipal de Segurança Pública avançam, resta aos comerciantes e cidadãos medidas paliativas, mas que surtem efeito imediato: alarmes, câmeras e grades.

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