sábado, 27 de julho de 2024

Professora ourinhense lança “Alma Livre”, seu primeiro livro com literatura de cordel

Publicado em 16 jun 2023 - 09:53:12

           

Da redação

 

A literatura de cordel é conhecida como a poesia folclórica popular que prosperou no Nordeste do Brasil durante a maior parte do século XX. Foi originalmente escrita por humildes poetas sertanejos e atualmente ainda tem uma grande presença na cultura brasileira. Hoje, em pleno século 21, os autores do gênero podem ser mais urbanos, moradores de em grandes cidades do nordeste, em São Paulo ou Rio, de qualquer lugar e podem ser de qualquer classe social e inclusive ter cursado uma universidade.

Como no caso da ourinhense Paula Fernanda da Costa Dias, formada em letras pela UNIFIO, que no próximo 24 de junho a partir das 15 horas na sede do CPP – Centro Professorado Paulista, lançará seu primeiro livro intitulado “Alma Livre”. Paula conta que quando começou a lecionar conheceu mais a fundo a Literatura de Cordel e se apaixonou pelo gênero, estrutura, pelas histórias, como era construído o texto e como era exposto ao público.

Foi amor à “primeira lida”, fui conhecer de onde veio as primeiras histórias e entrei em contato com a obra de vários outros cordelistas, entre eles Ariano Suassuna, Patativa do Assaré e aí comecei a escrever os meus próprios cordéis”.

A autora de literatura de cordel Paula Fernada da Costa Dias

 

Paula revelou que no início não mostrava os seus escritos para ninguém, até que um dia em uma escola que trabalhava estavam precisando que alguém que fizesse um cordel e resolveu dar sua colaboração.

“O tema era o legado do patrono da escola, no dia da festividade, a família do patrono Pedro Antônio Ferraz de Andrade estava lá e ficou maravilhada dizendo que parecia que eu conhecia o Pedro com muita profundidade. A partir daquele dia eu comecei a escrever assim de uma forma absurda e passei a trabalhar o gênero com os meus alunos e ao mesmo tempo a fazer também contação de histórias infantis, textos meus em formato de cordel como “Um passarinho fofoqueiro”, “A formiga amiga e outras histórias”.

Livros editados e publicados pelo coletivo Dulcineia Catadora

Foi aí que a escritora pensou em escrever um livro, mas não tinha recursos, até que uma tia sua que trabalha numa cooperativa de reciclagem em São Paulo onde é a presidenta, propôs ajudá-la através do coletivo “Dulcinéia Catadora”. O coletivo é um projeto que edita e publica histórias doadas pelos autores em livros todos feito de papelão, com capas pintadas e ilustrações feitas pelas trabalhadoras da cooperativa, visando também conscientizar a respeito da sustentabilidade.

São livros sustentáveis feitos de material reciclado que são vendidos por um valor muito simbólico, apenas R$ 15, dinheiro esse que é dividido entre elas para que a renda delas dentro de casa aumente, então resolvi integrar esse projeto tão apaixonante e inovador doando meus textos”, disse a autora.

“Alma Livre” é a primeira publicação de Paula Fernanda que pretende ainda editar um outro livro com as suas histórias infantis. Sobre os seus cordéis ela diz que são versos inspirados em Zumbi dos Palmares “que todo mundo tentou eliminar mas ele nunca morreu, porque a alma dele nunca ninguém conseguiu aprisionar, então a liberdade dessa alma, desse espírito de luta, dessa força que eu quero trazer para o meu livro”.  

Lançamento Alma Livre

 

COLETIVO DULCINÉIA CATADORA

O coletivo Dulcinéia Catadora foi iniciado em 2007 após dois meses de trabalho colaborativo de Lúcia Rosa e Peterson Emboava, com integrantes do Eloísa Cartonera durante a 27ª Bienal de São Paulo. Atualmente funciona dentro de uma cooperativa de materiais recicláveis em São Paulo. Edita livros de poesia, de prosa, assim como trabalhos de artistas contemporâneos brasileiros.

Os livros são confeccionados por catadoras de papelão e outros profissionais que participam do coletivo. O Dulcinéia tem como ponto fundamental a sustentabilidade, baseando-se numa estratégia de geração de renda que consiste em vender os livros e repassar o valor da venda para as catadoras que os elaboraram, descontados os custos produção.

Já são 150 títulos publicados, dentre mais relevantes destaca-se “Salada de Frutas”, de Alice Ruiz (poesia), “Homens de Papel”, de Plínio Marcos (teatro), “Marvadas”, de Sebastião Nicomedes (poesia), “O Monstro e o Minotauro”, de Laerte e Paulo Scott (cartoon e poesia), “Auto-retrato aos 90 anos”, de Manoel de Barros (poesia), “Um Livro para Desvendar Mistérios”, de Paulo Bruscky entre outros.

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