sexta, 08 de novembro de 2024

Aos 69 anos, funcionário público faz sua primeira graduação

Publicado em 22 fev 2018 - 01:13:40

           

Da redação

Para provar que o aprendizado é vital em todas as etapas da vida e fundamental para o ser humano, trazendo sempre novas oportunidades de aprendizado, atuação social, cultural, política e econômica que se abrem para o futuro, o auxiliar administrativo da Saúde Municipal de Jacarezinho, Hamilton Setti, aos 69 anos, ingressou no curso superior de Tecnologia em Gestão Pública da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

Setti nunca havia ingressado no ensino superior e também entrou na carreira pública de forma tardia, aos 65 anos. Antes, o servidor atuava como comerciante no mercado local. “Eu fui displicente e acabei não estudando na idade certa. Agora, estudo para ter um diploma e também para desenvolver minha atividade no serviço público”, afirma.

“Eu nem penso na questão do dinheiro, pois com a graduação, o acréscimo no salário é muito pouco, não dá quase nada”, complementa. Setti, que atua no Posto de Saúde Central da cidade, afirma que outros dois colegas de sua repartição também ingressaram no curso.

“Acredito que todo mundo que entra para a carreira pública deveria fazer esse curso. Os profissionais crescem, vão ter mais noções de ética e melhores condições de avaliar as ferramentas usadas pelo serviço público, tornando-o mais eficiente”, comenta.

Mas, para Setti, a graduação é apenas o primeiro passo para um bom currículo de funcionário público. “É bom que se faça o curso superior, mas algumas coisas podem ficar soltas no ar. É preciso se especializar. Eu, por exemplo, trabalho na Saúde. É necessário também estudar sobre o trabalho desenvolvido na Saúde Pública”, diz.

O servidor municipal reforça que colegas concursados devem fazer graduações desta espécie. “Quando temos um curso como esse, pago com dinheiro público, o trabalhador concursado tem que fazer. Porque ao mudar a gestão, ele fica na vaga e precisa continuar trabalhando. Não é como o comissionado que, na mudança de governo, possivelmente sai junto com o chefe”, acrescenta.

Setti diz sentir ainda um pouco de dificuldades para lidar com o ensino a distância por não estar completamente habituado ao uso do computador. Ainda assim, diz que o aprendizado está melhorando.

“Se a pessoa não prestar atenção, ela ‘perde o fio da meada’. É muito conteúdo e tudo com prazos. Antes eu não tinha um computador bom o suficiente para suportar o sistema, mas agora tenho um equipamento melhor e estou conseguindo acessar os conteúdos”, conclui.

Para o coordenador do curso de Tecnologia em Gestão Pública da UENP, André Luís Salvador, casos como o de Hamilton Setti são exemplos para pessoas mais velhas e mais jovens.

“A vontade de aprender sempre é muito importante e contribui bastante para o curso. É a experiência de quem já está no mercado e pode inspirar colegas de todas as idades”, finaliza.

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